31 de dezembro de 2010

Pró Alzira

Alzira Barletta... Saudades eternas!

Dos arquivos da professora Leninha que está sentada próxima ao motorista da carroça, pude enxergar e lembrar do 07 de Setembro e dos desfiles do Iegs.
Ao fundo, a Professora Alzira e quando afirmo que eram pessoas que vestiam a camisa do Iegs, observando também Solteiro/Roberto, além da professora Fátima, tem como referencial esta fotografia.
A carroça como sempre, era tomada por empréstimo ao pai de Wladimir e ao fundo, caminhando, está Lucila com um boneco que representava Collor de Mello, na época, prestes ao Impeachment, que seria queimado frente ao palanque e já estava no cantinho da carroça, um fósforo e álcool, onde no clímax, apareciam alguns fantasmas (Fernando de Sílvia e Walter Chimbica) e, a encenação seria perfeita, se não fosse o delegado Jaime que soubera do que iria ocorrer e com policiamento, proibiu que se fizesse tal coisa, para o bem do prefeito que pensava se tratar dele, o tal boneco.

O desfile teve como temática a selvageria do Capitalismo em forma de Neoliberalismo que já ensaiava seus passos no Governo Collor.

É apenas uma passagem da história do Brasil que serviu de base para as boas aprendizagens do Iegs agora, Iegs amanhã...

27 de dezembro de 2010

Estação Balneária de Cipó


Esta poesia foi resultado de uma pesquisa de arquivos da Era Vargas em Cipó. Pude encontrar nos arquivos da família Salles em Salvador e solicitei do pintor artista Dermival que colocasse na praça de Cipó.


Fiquei triste ao observar o desprezo dado à nossa identidade com a terra. Se Georgina Erismann, poetisa, autora da poesia datada de 1937 quando muito se apresentava no Radium Hotel com piano ao entardecer estivesse viva, ficaria alegre pela lembrança e triste pelo descaso com a moldura récem colocada, precisamente em 2005.

Pediria aos mais sensíveis que estão aqui adicionados que procurassem a secretaria de Turismo e solicitasse a restauração das letras e da boa preservação de um pedacinho de nossa identidade com a terra.

Não seria uma contribuição a minha pessoa como um todo, mas, a quem gosta de ver preservado os valores sócio-culturais de nossa terra.

22 de dezembro de 2010

A LEITURA É IMPORTANTE PARA A EXPRESSÃO ESCRITA

"Eta scrap longo e chato."
Brunius

Numa viagem rápida a Caldas de Cipó de fato ou Cipó de direito, bonita de qualquer forma, porque tem seu próprio jeito, pude em cada passagem lembrar das boas amizades de Pojuca, Catu, Alagoinhas e Nova Soure, que possuem amizades de pedra com lindas histórias de estudantes e colegas singulares nas harmonias dos tempos.

Semeei nas lembranças, a bênção em poesia até pela missão natalina, para todos que, em confluência, viveram a alegria do bom amigo que sou . Acredito!

Seria um final de semana com atividade profissional, numa vaquejada na Praia do Forte. Valeu boi, nas margens da Linha Verde. Ossos do ofício. Diante das circunstâncias e, que bom motivo, a outra rota pela BR-110, levando-me a Cipó City, fez-se necessária, pela prioridade familiar que em muito precisa do acalanto e do bom carinho presencial e, faço assim com a maior alegria e prazer do mundo.



Foi uma chegada de três dias para entre outras coisas sem planejar, entender que o início político de Cipó 2011 é uma incógnita e, de igual maneira, nossa vizinha Nova Soure.

Algumas falas básicas com os envolvidos diretamente, foram suficientes para entender que Rousseau tinha razão em afirmar que o homem é o lobo do homem e que do jeito que a voz do Cine Leone ainda vive, agora informacional, estaria passando de todas as formas, o filme Dormindo com o inimigo e não Bruce Lee, Kung Fu ou Tarzã.



Para não estender este scrap e priorizar os atos políticos, até porque o leitor amigo e paciente quer rapidez, pude visitar a minha eterna secretaria de turismo e logo, logo, Doutor, vulgo Mima,perguntou se eu estaria reassumindo o posto de secretário. Argumentei negativamente a ideia, onde, a intenção era dizer ao amigo Nito ou quem quer que seja, que estaria à disposição para colaborar com o Santo Reis nas atividades culturais da 20 às 24 horas, onde colocaria a boa cultura, antes das apresentações da Mulher Maravilha fugindo do Superman, para evitar que a vaca comesse o capim do amor. Pude ver que o amigo NIto apresentava-se com devoção para Santo Expedito, até porque algumas belas imagens já se viam nas silhuetas do prédio amarelo. Brincadeira, companheiro Nito.



Bom mesmo foi chegar no Pau Ferro (epa) e tomar alguma coisa em cada box, ufa, prosear no Burí, visitar meu amigo Bóy no aeroporto de Cipó, uau, e, na Cabãnas do Rio Caliente ou melhor dizendo, na "minha" roça, onde morou por longos anos minha Bisavó Carrola, comer e provar que após Tonho meu primo ser garçon no Chapéu de Couro de meu primo João, está fazendo a melhor galinha caipira de Cipó com pirão e tudo, exceto quando comparada com a de minha mãe, ermitadonivaldo que tem orkut e me acordou às 03 horas da madrugada para dizer que o pirão já estava pronto e antes de viajar às três, saudaria os aniversariantes irmãos, Nenzinho e Lene, um mais velho que o outro, exatamente um ano, entendendo aí que o resguardo de minha querida mãe foi de três meses de um para o outro. Meu pai, eterna saudade, sempre foi admirado na beleza e só não gostei que mãe olhou para meu corpo e disse que nenhum dos filhos, puxou ao corpo do pai. Mas, é assim mesmo. Bom é a história que temos. Como disse Paulo Freire: leituras de mundo é a coisa mais linda do mundo.



Estes scraps também estão postados no www.odarabbcnourecruz.blogspot.com, através do assessor de copiar e colar, Rui Aragão.

20 de dezembro de 2010

Encontro de ex-alunos do IEGS



Divulguem para os ex-estudantes que não estão em meus contatos.

Fotos

Fotos que não consigo esquecer de 2010 do ponto de vista cômico, refere-se a uma viagem que fiz a Euclides da Cunha e num povoado, como prova, pude tirar duas fotografias, sem colocar, que ao retornar por Tucano, perguntando em que local estava, um senhor cabisbaixo disse: hihihi, não sei o que Sem Freio.

Eta sertão cheio de histórias.


17 de dezembro de 2010

HOJE BEM, AMANHÃ ALEGRE...

Ouvindo um nutricionista comentarista no bem tardar da madrugada, o cara especialista, disse que quem toma café morre mais cedo.
Disse também que os búrgueres diminuem a sua vida em alguns anos, comparando com os oferecidos por Deus.
Quem toma banho em riachos, o schistosoma diminui a vida também.
Quem come esfirras, quibes e coxinhas, a vida é diminuida.
Reduz também quem toma refrigerantes.
E ai daqueles que tomam banho após comer algo quente: morre mais cedo ainda.
As comidas mais sofisticadas, a morte vem em forma de paradas cardíacas, diabetes e afins.
Pensei até que estava tendo pesadelo, mas, era o radinho que teria deixado ligado nas margens da cama e entre a sonolência e o acordar inconsciente, ouvia tudo isso, até de morrer mais cedo quem ouve música romântica sem degustar.

Uma coisa que dizem ser falta de educação é a sessão de descarrego dos gases e quanto mais alto, é sinal de limpeza estomacal.
Eu até acredito, pois Tio Pedro, irmão de vovó Carrola sentava frente à porta do alpendre e os descarregos sonoros ecoavam por todos os espaços de frescas.
Este mesmo tio, hoje com 90 anos, nunca deixou de tomar banho no riacho e, Aff, sabe de uma:
Como disse Vinicius de Moraes: É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração.

16 de dezembro de 2010

Filhão

Tá bom!
Já passou no teste para andar sozinho e Salvador.
Comprima a barriga e levante os ombros.
Só não bote a mão no joelho nem uma abaixadinha.
Mas... Assim meu Arnoldissuasnegas tá oraite. rs.
Beijos filhão.
Do papai que te ama.
Ainda bem que cresceu e estou livre de Papai Noel, o concorrente.

15 de dezembro de 2010

Formigas

Imagine o belo por do sol da Barra e, entre poesias, um violão ao lado com alguém tocando alguns solos e o caneco para se jogar a moeda.
Tudo perfeito.
Quase tudo se Lucinha por azar não tivesse sentado em cheio sobre o formigueiro, onde não menos que centenas de formigas chamasse a atenção de todos com olhares em sua direção.
Foi uma pena, mas, kkkkkkkk.
Desculpe.
Só marcas.


II Festival Baianada

14 de dezembro de 2010

FORRÓ “ESTILIZADO”

‘Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!’. A maioria, as moças, levanta a mão.

Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, de todas bandas do gênero). As outras são ‘gaia’, ‘cabaré’, e bebida em geral, com ênfase na cachaça.

Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam).

Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.



Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá:



Calcinha no chão (Caviar com Rapadura),

Zé Priquito (Duquinha),

Fiel à putaria (Felipão Forró Moral),

Chefe do puteiro (Aviões do forró),

Mulher roleira (Saia Rodada),

Mulher roleira a resposta (Forró Real),

Chico Rola (Bonde do Forró),

Banho de língua (Solteirões do Forró),

Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal),

Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada),

Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca),

Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró),

Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró).



Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta ‘desculhambação’ não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se.



Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de ‘forró’, parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado, Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético.

Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina ‘forró estilizado’ continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste.

Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem ‘rapariga na platéia’, alguma coisa está fora de ordem.

Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é:

‘É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!’, alguma coisa está muito doente.

Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.



Ariano Suassuna.

13 de dezembro de 2010

E meu coração se deixou levar...

"Quando organizei o festival de música nos anos 80 em Cipó, Dagô, filho de seu João Bonito, ganhou o prêmio com a música: "...Foi num rio bonito arenoso que minha canoa virou... E eu nadava, nadava, nadava e, a canoa não saía do lugar. Foi aí que eu vi meu amor acenando pra mim. E de repente eu já me encontrava, agradecendo a quem me salvou..."

Não imaginava que estava em tom profético e realmente: o Rio Itapicuru em Cipó, deixa de gritar chuá, chuá e agora faz: help!


Sei apenas que antes de passar pela rua da Usina, local nunca passado por Zé Pavão, explícito em sua música, paro sobre a ponte e sai a frase: tenho certeza que por aqui passava um rio.

Ao fundo da foto do menino chamado na época de Mijuleno, está o Rio Itapicuru.
 

12 de dezembro de 2010

Querido Deus!

Leia...É Apenas um pequeno olhar...Nada mais!


Hoje é domingo! Poderia ir ao Parque da Cidade prestigiar uma orquestra intitulada Sambatrônica às 11; participar de uma oficina temática de jovens e adultos às 14 e, às 17, observar Humaitá, com seu por do sol no ritmo de Fred Dantas. Como fiz ontem que, se não fosse o formigueiro abafado pelo sentar de Lucinha na grama do farol, tudo estaria perfeito.

De tudo, aproveitei apenas a ida pelas matinas ao campus da UFBA no Canela, acompanhando o filho mais velho que estaria concentrado para fazer a 2ª etapa de provas, que é comum com todos ou muitos, já merecendo o tão honroso destaque de elogios intra, inter e extra familiar, como vem acontecendo nas entranhas públicas não só dos sites de diálogos, mas, de forma presencial, exceto de meu irmão Walter, vulgo Chimbica e Nenzinho pra minha mãe, que afirmara por telefone e eu queria que ele tivesse orkut, que meu filho fez igual a Tiririca, que só veio se dedicar em leituras, após ter sido aprovado na primeira fase. Tá certo Walter, você me paga. Bruno tem em seu dia a dia, o bom diálogo em casa de um pai com boas inserções histórico-geográficas e a mãe Lucinha, na base da psicopedagogia sem contar com a veia consciente da boa música e do senso crítico diante das injustiças de mundo, acrescentando as veredas de amigos.
Neste domingo, ainda pude ser convidado por um outro filho/amigo/irmão. Estou falando de Wlad, que me faz lembrar Leonardo da Vinci, quando de toda arte, um muito se tem e mais ainda. Wlad é exatamente assim. Foi o pianista, ainda com alguns 12 anos, de meu casamento e, em uma de suas habilidades pluralizadas, inúmeros contos ainda a publicar, que estou lendo diariamente, onde se revelam boas cicatrizes de seus tempos de ontem e de hoje, que antes mesmo do clímax, faz a gente delirar em cada passada contada. O convite para saborear a boa cerveja em seu recanto domiciliar num domingo chuvoso, fez-se presente e, ai daquele que procurar ser contra msn, facebook, orkut, ou coisa afim. Destes, saiu o digníssimo convite e, pelas sonolências de Lucinha, em função de alguns remédios, pude adiar esta tarde de acordes e diálogos presenciais com cardápio em forma de pirão de galinha, não igual ao que eu comia quando pastorava o pirão de minha mãe em tempos de gravidez para gerar Bada e Marize, esta seria Ermivalda, nome condenado por minha bisavó Carrola que dissera: -Tidiscunjuro! E é nome de filho. Sim, mas, das boas lembranças dos bolinhos de feijão e o bom caldo quando a mãe do colega Wlad fazia e este, me acompanhava nos piqueniques da escola.

Então, chega a tarde chuvosa e com ela, o escurecer do dia, ficando a esperar por Bruno, dialogar com Breno pela net, com meus irmãos, interagir com todos os colegas on line de outras maneiras e dedicar este lindo dia, a esposa, que aos poucos vai retomando os sentidos e meio em tontura, sente o mundo girar, consciente de que estou logo aqui. Já vai...

10 de dezembro de 2010

Encontro de ex-alunos!

Sim!

Segundo Marcela, presidente eleita da comissão dos ex alunos do Iegs, o encontro será dia 25 de Dezembro, sábado, lá nas freguesias do Rio Quente, ponto de referência para muitos dos estudantes de Cipó.
Segundo a comissão, ficou estipulado um valor de quinze reais que será transformado em líquido e sólido durante os diálogos, contando com todos que estão aqui adicionados e muitos outros que ainda não tenho nestas janelas. Começará às 10 horas e segue até não sei que horas. Poderão participar todos que passaram pelo Iegs, ora como professores, pais, estudantes e seus agregados simpatizantes.

Marcela ainda enfatiza que gostaria de contar com alguns artistas, ex alunos do Iegs, bem como de sons, como o de Flavinho, por exemplo.
Fica assim: Dia 25 estaremos por lá e além do grande homenageado Agrécio, teremos boas lembranças da professora Alzira.
Lá pelo entardecer, o riacho do Rio Quente sediará as brincadeiras e...Estaremos todos lá.

Confirmem com Marcela!!

9 de dezembro de 2010

Dia do Samba

"...Quando eu vim pra Bahia, samba bom deixei lá" ... "Eu não vou pra São Paulo porque no caminho tem ladeira, escorrega e cai, quebra o galho da roseira."

Taí, duas tirinhas do samba de roda que muito ouço em povoados do meu interior, Cipó, digamos assim: coisas de raiz. Bananeira, Canoas, Calumbi e afins, é uma rota de samba de roda inclusive com resgate através de alguns simples estudos feitos por mim. Hoje, quando existe um samba de roda por estas freguesias, as sambatrizes e sambadores procuram por meu paradeiro pelo referencial de envolvimento.

Não obstante, o que me faz colocar estas leituras, é pela passagem do dia do samba, dia 02 de dezembro e na Praça Municipal aqui em Salvador, ali, frente ao Elevador Lacerda que sobe e desce assim Mariquinha (ladainha popular, sendo esta minha vó, filha de minha Bisavó Carrola, tão evidente nos scraps), pude prestigiar em companhia a Lucinha, não só Moraes Moreira e outros artistas locais, homenageando Adoniran Barbosa, mas, Mariene de Castro cantando com o bom coral popular, sucessos que estão registrados na história da Musica popular brasileira, nas tendências do samba. Eu que tenho uma variação em direção ao pop rock e cantoria, pude assimilar bem que bom mesmo é a pluralidade e, viva a diversidade.

7 de dezembro de 2010

Noure Cruz Comenta



Bicho! É o que a gente vê na FENAGRO.
Mas, não se resume se e somente só por aí. Lembro de Dona Risó, que linda amiga sentada sempre sob o pé de figo a ouvir os pardais no ocaso do entardecer, mãe de Maria Emília, eterna Sinhá Vitória e amiga do orkut, quando eu seria o Fabiano das Vidas Secas. Sim: dona Risó, porque disse que não aguentava mais ouvir a música eu te darei o céu meu bem e o meu amor também, por viajar num ônibus de Salvador a Cipó e parece que o motorista só teria esta fita para passar na época, no tocafita e, vai que seu Joel, seu esposo e meu amigo, hoje no céu, teria dado de presente o disco com esta música e sem mais aguentar ouví-la, jogou na direção da laranjeira e por azar o buraco encaixou num espinho e o outro serviu de agulha da época de disco vinil e mesmo com dificuldade, ainda decodificou o eu te darei o céu meu bem e o meu amor também, a partir de sua janela na rua da Rodagem Velha. Aliás, nunca vi pessoa tão boa de contar e recontar grandes histórias de vivências e convivências múltiplas.

E que relação existe com a FENAGRO. É que uma colega veterinária de nome Jane, disse ter saído de férias ano passado assim que encerrou a FENAGRO e sem aguentar mais notícias sobre bichos, foi passear ano passado em Cipó, lembrando de duas coisas: a carne de bode em Tarzan e, que o pneu de seu carro furou, encontrando Tonho Galo que lhe ensinara a oficina mais próxima. Disse descer na banguela e parou na oficina mais próxima e ao se aproximar do local, o borracheiro Pareia começou a ladainha... Logo, logo vou fazer a força do pneu. É hora de almoço, mas, vou já colocar o macaco e, é porque Burrego saiu com Pata, e Piau ainda vai chegar. Mas, de qualquer forma, Gato está aqui e, além do macaco, vou limpar esta sujeira com um pano de chita, que meu cachorro de nome Piaba, deixara, após comer os ossos de um preá.

Assim, vamos construindo histórias e entendendo as alegrias de nossos caminhos.

6 de dezembro de 2010

Vestibular

"...Livros tão caros

Tanta taxa prá pagar
Meu dinheiro muito raro
Alguém teve que emprestar..."

Confesso que hoje na passarela da Paralela, vinha matutando por ela a confluência da boa companhia. Eu e Lucinha: no brilho intra e interfamiliar o diálogo que teria com Brunão, filhinho do coração, como Kbreno de igual razão.


Sobre o vestibular da UFBA, já que passara na UNIJORGE. Ambos, Psicologia
Ainda em vista, UNEB de igual opção e Segunda fase.

Em mãos dois CDs que ouviria na reflexão do cenário ao chegar em casa:
Titãs: "...queria ter ... o acaso vai..."
E o outro Pink Floyd: "...Confortably Numb..."
Não... Na antessala do condomínio pude esbarrar com Kbeca Loka, andando e sincero em falas
- Meu pai... Passei na primeira fase! De mim! Não CD, não palavras
Mas, um abraço suado, um beijo de igual tamanho, pelos cavanhaques arranhantes
Como há tempos que acataria tão lindo afago. Em passagem, o efeito emoção.
Vem a reflexão de que tudo é na paz. No diálogo, no dia a dia.
Leituras de liberdades, contemplações de culturas.
Pode ser que não. Mas, segunda fase é a razão de algo mais
E melhor

3 de dezembro de 2010

Nourius comenta!

Quem pratica leitura de fragmentos como este:
"Num balé fatal perfeito
Rios em fúria arrasando
É o planeta reclamando
O que o homem lhe tem feito."



Do colega Walter Lajes das freguesias de Conquista com origem em Pombal, logo entende que o que acontece à terra, acontece aos filhos da terra e, olhe que complemento que antecede o próprio fragmento do cantador:


"De alguns anos para cá
Tornaram-se mais freqüentes
Tsunamis ou enchentes
Tempestades pr’acolá..."


De igual visão, vem Elis regina: "Alô, alô marciano, aqui quem fala é da terra."
Gilberto Gil complementa:
"minha garganta pede um copo d'água...!
Chico Buarque enfatiza: "...Pode ser a gota d'água"

2 de dezembro de 2010

MISTURADA

E Djavan: ...O amor é um grande laço, um
passo pruma armadilha...

Chega Aviões: ...O amor é que nem capim. Cresce, a
vaca vem e come...

Mas, Platão: ...No mesmo dia, ao mesmo tempo, o amor, tudo
o que é grandioso abunda nele, antes de desaparecer e morrer, antes de reviver de novo.

Resposta em Teatro Mágico: ...Tem horas que a gente se
pergunta, por que não se mistura o tudo numa coisa só.

1 de dezembro de 2010

Tá ligad@!


Na praia é só axé, no recôncavo, beleza, mas, nas caatingas(mata branca) é preciso mais cuidado, sem perder de vista que litoral e afins, também sofrem.

Neste mês de novembro/dezembro, com clímax no dia 22 de dezembro, o verão vem verão mesmo nas terras baianas e imagine nas áreas de Chorrochó, Cocorobó, Cipó, onde jegue usa óculos verde para tudo que ver na frente, comer.

Tá vendo!

Ainda bem que na minha rocinha, local da festa da galera do Iegs, tem um riachinho que por sinal, afrodisíaco, só tem Schistosoma mansoni, mas, é besteira. Caso não cuide, sua vida só diminue em dez anos, mas, lá na frente. O banho é gostoso e imagine a noite com pequenas picadas de muruin, insetinho local.
Ai, ui, eta...






De qualquer forma, fica minha mensagem universal de uma pequena pesquisa de e-mail, sobre a preocupação com a água.




Sudaneses bebem água dos pântanos, com tubos plásticos, especialmente concebidos para este fim, com filtro para filtrar as larvas flutuantes, responsáveis pela enfermidade da lombriga da Guiné.


Os glaciares que abastecem a Europa de água potável perderam mais da metade do seu volume, no século passado. Na foto, trabalhadores da estação de esqui do glaciar de Pitztal, na Áustria, cobrem o glaciar com uma manta especial para proteger a neve e retardar o seu derretimento, durante os meses de Verão...


As águas do delta do rio Níger são usadas para defecar, tomar banho, pescar e despejar o lixo.
Água suja em torneiras residenciais, devido ao avanço indiscriminado do desenvolvimento.
Aquele que foi o quarto maior lago do mundo, agora é um cemitério poeirento de embarcações que nunca mais zarparão...

30 de novembro de 2010

Fast Scraps XXIII

Dizem que a galera do orkut não gosta de olhar texto grande.
Ai, ai, duvidêódó.
Eu sei com quem estou falando.


Pois é! Trabalhando estes dias na FENAGRO, que hoje se inicia para o público e, para quem está nos bastidores, é como se já estivesse terminando, fico aqui fazendo um breve resumo e comparando com a feira de gado em Cipó.

Milhares de animais entre bovinos, equinos, ovinos e outros, entram com donos em busca de bons negócios. A feira de gado em Cipó tem o mesmo objetivo. A diferença básica é que na FENAGRO é tudo pesado e o preço com base na árvore genealógica do animal. Em Cipó, é pelo olho e, o animal estando gordo ou magro é o que importa.

Por animal, cada empresário rural ganha em torno de cinco, dez, vinte, trinta mil reais. Em Cipó, vai mais um pouquinho nos números, sendo quarenta, cinquenta, sessenta, só que reais e, mais nada, sem os mil em cena.

Na FENAGRO, os criadores expõem e após os lucros, esperam mais lucros agora sentados nos bancos de negócios, embriões, ou simplesmente em casa. Na feira de Cipó, a peleja de um bom negócio é sinal de garantia de uma boa feira no comércio que leva para casa e a preocupação de no outro dia fazer a montaria no cavalo e procurar mais gado para a perpetuação da história.

Os cavalos de todas as raças, inclusive jumentos, contrastam com os vendidos no olho na linda feira de Cipó, onde, entre eles, pode-se observar alguns meninos vendendo jegues por cinco reais, frutos de alguns destes que perambulam pelos corredores do Rio Itapicuru.

Aqui na FENAGRO, o que não se vende ou se vende, retorna em caminhões, às vezes com ar condicionado. Vendendo ou não, na feira de Cipó, os animais vão a pé. Alguns, saem às 14 horas, chegam às 20 horas nos limes de Ribeira do Amparo e chegam a Sergipe no dia seguinte, em companhia à caravana com aboios, causos e ladainhas.

Entre as duas feiras, prefiro em particular, a de Cipó. Esta ocorre toda quarta feira e no encontro com os bons vaqueiros, posso ouvir de perto as boas ideias de que os pais dos que estão lá, conviveram com a passagem de Conselheiro, Lampião, Guimarães Rosa e o próprio Glauber Rocha quando foi rodar seu filme: Deus e o Diabo na Terra do Sol.
O outro, Guimarães Rosa, autor de Grandes Sertões Veredas e Sagarana, andou a cavalo de Soure a Cipó com seiscentos outros cavaleiros, durante a visita de Getúlio Vargas na inauguração do Grande Hotel e uma vaquejada. A inauguração aconteceu, mas, a vaquejada não existiu porque o gado fugiu pelas matas ciliares do Itapicuru e acredito que os embriões dessas ideias se perpetuaram em meu subconsciente para fazer tais comparativos.
Viu... Deu pra fazer leitura de tudo. Saudações!

29 de novembro de 2010

Fast Scraps XXII

A net é assim...
- É dificilmente entro! Diz um.
- Às vezes... Outro.
- Só se for on line. Alguns.

São as linguagens.

Nesta reabertura, pela deletação do outro sem saber os motivos, gastei uma hora para solicitar 110 amig@s e em poucas horas, já estava uma centena adicionada. Uma prova de que todos invisíveis ou não, estão no bom frisson da alegria de brincar e de dialogar com a companhia de ser e de estar.

Beijos e abraços a todos e, sintam-se confortáveis com o bom amigo que acredito ser. Como presente, ofereço esta foto de meus arquivos. O samba de roda das Canoas, cantado e tocado no barulho dos bons pingos de uma cascata em "Caldas de Cipó de fato, ou Cipó de direito, é bonita de qualquer forma, porque tem seu próprio jeito." Nourius. É uma pena que a cidade é carente de bons movimentos. Mas, é assim mesmo.

26 de novembro de 2010

Orgulho de ser nordestin@

(Por Lucinha)

É óbvio que todos nós temos o direito de manifestar os nossos encantos e desencantos, com este ou aquele candidato, partido, grupo, enfim, defender nossos interesses, mas compactuar com a divulgação de comentários e desejos macabros, criminosos, preconceituosos, como os da infeliz, estudante de DIREITO, é simplesmente vergonhoso.


Meu Deus! É inacreditável que em plena época de efervescente GLOBALIZAÇÃO, PLURALIDADE CULTURAL, SOCIAL, RACIAL, RELIGIOSA, existam comentários maquiavélicos como estes.

Quer saber? Orgulho-me de ser nordestina RETADA, FORTE, LUTADORA, o cheiro caatingueiro exala da minha alma e não tem comentário infame, que retire esse aroma.

A vc que assim como eu orgulha-se do nordeste, vai um presentinho:



Orgulho de ser nordestino ( Flávio José)


Além da seca ferrenha
Do chão batido e da brenha
O meu nordeste tem brio
Quer conhecer então venha
Que eu vou te mostrar a senha
Do coração do brasil

São nove estados na raiva
Todos com banho de praia
Num céu de anil e calor
São nove estados unidos
Crescentes fortalecidos
Onde o brasil começou

E hoje no calcanhar da ciência
Formam uma grande potência
Irrigando o chão que secou
É verdade que a seca ainda deixa sequela
Mas foi aprendendo com ela
Que o nosso nordeste ganhou

Deixou de viver de uma vez de esmola
E foi descobrindo na escola
A grandeza do nosso valor
Eu quero é cantar o nordeste
Que é grande e que cresce
E você não conhece doutor

De um povo guerreiro, festivo e ordeiro.
De um povo tão trabalhador
Por isso não pise, viaje e pesquise.
Conheça de perto esse chão
Só pra ver que o nordeste
Agora é quem veste
É quem veste de orgulho a nação

25 de novembro de 2010

As 3 Brasílias

Destaco aqui três olhares gostosos pelo tempo e das marcas, onde todas levam a imagem da Brasília Amarela.

Primeiro dos Mamonas Assassinas, com o bom baiano Dinho de Irecê, que em suas músicas irreverentes marcou época com o "você me deixa doidão".

Segundo pelo desfile de 07 de Setembro de 2009 em Cipó, quando em homenagem aos variados estilos musicais, o vale do Itapicuru na passarela do Grande Hotel das thermas, fez pousar de bom motorista, Antônio de Lió com seu bom pente tipo ourissador, da década de 60, fruto do movimento hippie, ao lado de sua Brasília Amarela.

Terceiro, por seu Zequinha, quilombola da Várzea Grande, que tinha um sonho de comprar um carro e finalmente conseguira trocar seu bom burro, carroça e arreios, por uma Brasília Amarela, dando de volta, o valor de R$150,00.  Com a Brasília em mãos, faltava uma bateria que adquiriu por empréstimo e como não sabia dirigir, seu compadre deixou de beber apenas para ser motorista da comunidade e da Brasília Amarela.

Quando falo assim, até parece que estou brincando com nomes alheios, mas, as fotografias de meus arquivos não mentem e saudades ficam para as três Brasílias e as boas aprendizagens de tempos que não voltam mais e, se voltarem, nunca como d'antes.




24 de novembro de 2010

Em Cipó

Lembro-me de tudo...
A vizinhança resumida em dois meninos lá e dois meninos cá e um outro que chegou de cá, com um outro de lá e o de cá fez a ponte da amizade levar adiante os caminhos já cruzados.

De lá pra cá e vice versa, nos limes dos respectivos quadrados, tudo continuou e o tempo faz agora a gente ter este encontro nas areias não do Hoan Ho ou Yang Tsé Kiang, mas, do Red River, sem gafanhotos, mas, camarões.
Combinado?

23 de novembro de 2010

Fast Scraps XXI - Por Lucinha




















Lucinha Cruz - Saudades de Pavão. Gente boa, sensível, feliz do jeito dele, enfim, pura POESIA.


VC me fez chorar agora. Bjs

22 de novembro de 2010

3º ENCONTRO DOS EX ALUNOS E AGREGADOS DO IEGS

E aí, JÁ ESTÃO ORGANIZANDO O ENCONTRO. SIM ESTOU FALANDO COM: Marcela da Simone, Camila, Lais e daniel da Lila, Paula da lorni, Dinho do Gil, João de Gabi e Ivo, Tati, Thais, Thisciana da Tereza, Icaro, Iago da Chica, Junior, Jainara, Janice do Manel, Gizeli e Liana da Pró Zlita, Maira da sandra, Kaique, Karen e Karol da Kátia, Thiago e Thais do Tiba, Vinicius do Manelinho,Kanela e Maiara do Lierte, Érica e Élida da leo, Eugênia, Larissa e July do Eugenio, Indira da Socorro, Luana da zefira, Neila , Igor e Chênia do Gaucho, Sapacca de Leninha, Mariana, Rafael da Fátima, Jábis e Gabi do Zé Preto, Larissas, Tiago e Técio da nega, Técio e Icaro da Neinha, Jota do Val, Rafael do Marcondes, Maristela, Inacio, Monica e Alberto de Dona Zefa, Queila e Abel do Araujo, Rafael de Nina, Poliana do Genival, Saadia e Everton de Tania, Carla e Giovana de Alzira, Laio, Cesar e Larissa, Alba e Enzo do Moisés, Patricia do Marcos,Najara do Collin, Manus da Nuta e da Lulu, lilian, Mirian e Wilian do Vital, Alexsandra e Jucilene de Judite, Gabi de Clécia, Ingrid do Zeu, Kécia, Meiriele e João dos Canutos, Romulo e Roberto da Lucery, Bruna e Leo do Marques, Roberta do Toinho, Denis e Val do Zé de Moça, Henrique e Dudu da Ilma, Willian do Zé, Paulo do Miguel, Vilas e Rafael, e Juliana do Villa.Carine, Anderson e Barbara do João de Dé, Elaine e Clayton de Odete, Ilana e Nayana do Jouefles, Ricardo do Carlinhos, Bianca, Daniela, Amanda e Marcela das Adalgisas, Igor da Goretti, Jamile do Wilson, Ilana de Claudenice, Lauro do Pombinho, Jorge e Milena da filha, Bárbara e Nanda da Geisa, Erikinho e Iasmim da Gueguê, Fábio, Wlad do Edivaldo, Marcos e Claudio da Vanilda e outros alunos e amigos da Família Iegs, JÁ VIRAM O DIA DO ENCONTRO DOS EX ALUNOS? A COMISSÃO FICOU CERTA COM MARCELA, CAMILA, DINHO, ILANA E OUTROS. MANDE NOTÍCIAS. VAMOS VÊ SE A GENTE LEVA A CONFRARIA GIRAMUNDO, WLAD E OUTROS DE GRAÇA E VEJAM O NEGÓCIO DE UMA CAMISA A PREÇO DE BANANA. E COMO VAI FICAR OS TIRAGOSTOS E A BEBIDA. VAI SER LÁ NA CHICA DO PEDRITO, PAIS DE IAGO E ÍCARO OU EM OUTRO LOCAL. EU SOUBE QUE O SOM É DINHO QUE VAI PROVIDENCIAR. MANDE NOTÍCIAS QUE O SÁBADO OU DOMINGO QUE ANTECEDE O NATAL JÁ ESTÁ CHEGANDO.

E VC?

18 de novembro de 2010

FAST SCRAP Nº 20 - ÚLTIMO...Livres!

Como sempre falo, os FAST SCRAP, não tomam tempo e o que vem na cabeça no momento é retirado sem cortes e preocupações e, após este último serão deletados junto com meu orkut.

Agora aqui pra gente:

...Dizem que quando uma coisa acontece duas vezes na história, a primeira vem como farsa e a segunda como tragédia em todos os sentidos e, olhe que nestas eleições, tantos filhos e netos de políticos foram eleitos...

...Rambos e Rocks, Tropas de Elite e Crepúsculos, são tantos que me fazem lembrar do saudoso Cine Leone do meu interior e do amigo Arildo Leone, quando do mesmo filme, cada vez que passava, vinha com o nome diferente: Tarzã e Chita, Tarzã e Boy, Tarzan e Jane, Tarzan contra Mbombo, Tarzã e o Leão e sem ter mais nome, era Tarzã Sozinho, mas, não era farsa nem tragédia, era adrenalina pura, sendo o todos numa coisa só...

...Indo logo cedo à UFBA, pude, com uma análise de olho, enxergar que de cada 100 vestibulandos que lá estavam, 99 era de pele clara e de cada 10 carros que entravam, todos a mesma coisa. Muitos ainda criticam as cotas, as reparações. Desejando aqui, felicidades a quem tem bom acesso ao Ensino Médio bem pago e a Universidade gratuita, sem perder de vista as observações nas injustiças sociais.

...Não significa que fico a contar carros que é um vício ficar contando as coisas, como: quantos passos utilizo para chegar ao ponto, quantas praias de Itapuã a Barra ou quantos postes de Cipó a Pombal, (loucura besteirizada), mas, diferente de uma senhora minha vizinha que chegava em casa no dia seguinte a algum casamento e dizia: coisinha! Eu gostei mais do casamento da irmã de fulana do que do de cicrana, pois aquele tinha 87 carros e este só 42.

...Ainda ontem a noite eu pude ouvir um foguetório e disse: Lucinha! Parece que o prefeito acaba de ser cassado. O foguete foi de qual lado. -Não Noure, foi o Baêa que ganhou. Pior que estou entre o Barradão do Vitória e Pituaçu do bahia. E cada jogo... Foguetes e me vem o subconsciente das cassações no interior.

...Bom mesmo é a diversidade! Como disse o bom Einstein e não pensamos de outra maneira: "a mente que se abre a uma nova ideia, jamais retorna ao tamanho anterior." Aí vamos construindo leituras em confluências com os caminhos que se abrem... Caminhando! Chega Gilberto Gil abrindo as janelas para ver o sol nascer e Aragão caminhando na estrada, querendo a vida passar, cicatrizando os caminhos, renascer e plantar.

Abraços a todos neste limiar da República Brasileira, com uma mulher na presidência, que não será farsa nem tragédia, mas, a primeira vez.

17 de novembro de 2010

Fast Scraps XIX

O penultimufa, FAST SCRAP, nesta rodada de coisas que vem da mente e viajam por alguns minutos até a postagem aqui em síntese e mais cedo no meu orkut, não nesta forma de artigo, vem espiar os falatórios da gentinet (criada agora) que é como feijão com arroz: vivem separados, mas, quando se unem numa mesa, vira satisfação ou (in)digestão, não na barriga, mas, na mente de cada um.

Utilizar-se dessas ferramentas para registrar algo é, tipo assim, muito bom e, o orkut não foge a esta linha. Muitos dos colegas não gostam e até argumentam: bonito!
O cara e a cara passa por mim e nem bom dia diz e quando chega em casa, posta: oi tudo bem?
Outros até dizem aos alunos, que são opostos a estas tecnologias.
Outras pessoas depois que usam e lambuzam, dizem: gentche! Isto para mim chega! Vamos twittar.
Sai do petróleo e vai ao ouro negro ou deixa a calça e veste o jeans.
Uma colega anarquista diz que o sonho era que o tempo dos ludistas ingleses voltasse: quebrar máquinas.

Mas, aqui pra gente: imagine que o homem inventou a escrita, bom para o Crescente Fértil, a imprensa, bom para as relações comercias e, agora a net e com ela os sites de confluências e, esta maravilha chegou justamente em nosso tempo: pena que não está entre nós, minha bisavó Carrola.
Mas, Caetano Veloso está e disse que não usa celular , mas, um dia vai ter um "Aipode".
Cada janela tem seu por que de falar e respirar alegria ou tristeza.
Imagine que se nas horas vagas eu viajar por algumas janelas, fico doido, onde leio a frase em uma: bom ser triste...
N'outra: bom ser alegre.
N'outra: Felicidade! Tenho de sobra.
N'outra: Ninguém é feliz.

Neste frisson, a gente até faz uma coagem e ora mentaliza, ora deixa pra lá o que se lê e tudo vira aquisição e mediação de conhecimentos. Vejo com grande motivação todas as falas: Minha aula foi dez... Amo a psicopedagogia, iuhhhh!... kkkk... D+... Bom fds... Também te amo... Luto... Viajando agora... Lendo... venha comprar... Sds...

Sem contar com as comunidades: um colega disse que tem poucas porque interage mesmo e outro disse que tem 688 com todo orgulho e só usa um por cento, mas, tudo é válido.
Ontem mesmo aprendi numa comunidade como surgiram as falas: deixe de ser barbeiro e tire o cavalinho da chuva.

Seja orkut, facebook, msn, twitter, yahoo, gmail e muitos outros. Tem alguns como quepasa, badoo, pensei até que era de meu irmão bada e afins, que puxam mais para uma linha, sei lá.
Enfim, tudo vale a pena sem deixar de lado a identidade com a satisfação de encontrar-se com as responsabilidades.
E vc?

16 de novembro de 2010

Fast Scrap XVIII

Como esta modalidade de scrap tem sua vida limite até o número 20, faz-se necessário postar ênfase em parte dos nordestes que nós temos e confesso que ontem bateu uma saudade enorme do nosso sertão em plena efervescência litorânea.

Digo assim, porque pude prestigiar um concerto lítero-musical no 3º Pavilhão de Letras da UFBA e o Grupo Sertanília, viajou legal pelas boas canções e poesias de João cabral, Patativa, Gonzaga, Xangai e Elomar, faltando Wilson Aragão, mas, foi assim, porreta, contrariando qualquer fala nociva aos nordestinos como as de Mayara Petruso que poderia sentir o bom cheiro da caatinga e dos bons sertanejos que somos, vendo bode lamber pedras na certeza do bom sal, o cambuí do bom licor e os causos do bom vizinho. Aliás, mesmo nas lendas afro-africanas, o mal não se paga com o mal, mas, com a possível recuperação do mal, nas possibilidades das regras.

Só para lembrar, indicado por Olorum para fazer o homem, Ogum começa a partir do barro, moldá-lo e colocando ao forno, por tomar umas doses, fez aparecer alguns mais ou menos assados, sendo que na distribuição pela terra, os branqueados enviou para a Europa, os amarelinhos para a Ásia, Oceania e América e os mais torrados ficaram na África mesmo, indicando assim que todos somos frutos do mesmo barro. Se for possível, leiam lendas da África e atente que tudo termina em festa.

Exatamente como este FAST SCRAP que nasceu de uma apresentação lítero-musical que estaria sendo aplaudida pelos Nordestinos gonçalves Dias, José de Alencar, Castro Alves, Gonzagão e Gonzaguinha, se não estivessem em companhia a minha bisavó Carrola que muito cantou e dançou o reizado, às vezes, nas passagens de Lampião, Conselheiro e Glauber Rocha, pelas áreas do Rio Itapicuru, tão bem aproveitadas pelos quilombolas, assentamentos e comunidades rurais que muito me inspiram nas interações do amor. Sim, exatamente como este FAST SCRAP que se encerra com o fragmento da última música cantada pelos Sertanília, orgulhosos por tocarem pela primeira vez no Brasil, já que iniciaram com apresentações na Europa:
"Já que tu vai lá pra feira, traga de lá para mim. Água da fulô que cheira, um novelo e um carrim. Traz um pacote de miss, meu amigo ai se tu visse aquele velho cantadô..."

11 de novembro de 2010

Fast Scrap XVII - 1º Encontro de Cantadores no Pelô

A entrada é franca, de graça, não paga.


É o edital TÔ NO PELÔ, lá na Pedro Arcanjo, que estará acontecendo sempre às 20 horas dos dias 12, 13, 14 e 15 de Novembro.

Artistas de Causos e cantorias como o amigo Walter Lages de Ribeira do Pombal, João Sereno e afins, estarão cheios de histórias e som de violas e violões, sem deixar de lado a bela sanfona.

Na sexta feira, meu compadre Wilson Aragão, autor de Capim Guiné, Guerra de Facão e Você sabe o que é o amor, entre outras, pai de Rui Corretor Aragão, Pitt Baixista do Tomate Aragão e Tim da Tim Telefônica Aragão, será homenageado em companhia a esposa mamãe Mirian Aragão.

Quem estudou ou ensinou ou foi fã do Iegs e está em salvador ou fora dela, pelas várias cantorias de Walter e Aragão, na sala de aula, está intimado a aparecer por lá, nem que seja na sexta feira. Quem vai?

8 de novembro de 2010

Fast Scraps XVI

Que bom cruzeiro na Bahia...

Bom finalizar o curto período de férias no final de semana chegando à França, visitando um lindo navio da esquadra alemã e descansar na Hungria.

Foi assim que aconteceu, quando peguei o Buzu Terminal da França e, nas docas de Salvador, pude prestigiar o navio alemão e depois, com satisfação ir dormir lá pelo edifício Hungria.
É claro que entre estas paisagens, pude ainda assistir o circo de um palhaço só, boa peça teatral no SESC/Pelourinho, os festejos do "halloin" católico: Halleluya, quatro exposições modernistas no MAM, a boa cantoria de Aragão e Mirian, uma ótima orquestra entre batuques e sopros regida por Leitiere, no Parque da Cidade e, um anoitecer com Beatles in Cena, na Graça e, tudo de graça torna-se mais gratificante.
Melhor ainda quando estamos lado a lado com a esposa que às vezes se confunde com a mais bela poesia que na pluralidade dos fatos, o tudo transforma-se em metáforas que embriagam e desconstroem até o bom efeito sobre causa das linhas dos mais otimistas dos cândidos voltairianos.

Amanhã inicia a boa atividade profissional e já se desfaz o pensamento para se perpetuar na saudade. Entre estas e outras, tudo pode acontecer e inclusive tudo, porque a vida é dinâmica e assim retomo Moraes e afirmo: "Não se assuste pessoa, se eu lhe disser que a vida é boa."

27 de outubro de 2010

Um olhar sobre a felicidade

Odilon de Mello Franco Filho1
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

RESUMO

O tema deste trabalho é a Felicidade. Tema abordado diretamente por Freud, mas que, na atualidade, parece ter desaparecido da literatura psicanalítica e das preocupações dos pensadores em geral. A questão da Felicidade tem correspondido a noções diferentes através dos tempos e reflete a cultura vigente em cada época. O presente trabalho é iniciado com um rastreamento das várias visões que a cultura nos tem legado sobre o tema, da Grécia antiga até os nossos tempos. Na contemporaneidade, a ideia de Felicidade é marcada por noções hedonistas que consideram que o desconforto, o sofrimento, devem ser banidos em nome de uma Felicidade a ser alcançada a qualquer preço. Sofremos porque não conseguimos ser felizes de acordo com o que se propaga ser a verdadeira felicidade. O que antes era um projeto do Id, hoje se torna um projeto do Superego. Como decorrência, surgem esforços para engajar a psicanálise na luta pela ausência do sofrimento. Uma proposta hedonista de trabalho se oferece como desafio para o método psicanalítico. Corre-se, então, o risco de desnaturar a psicanálise e transformá-la num objeto de consumo para alcançar uma Felicidade utópica baseada na analgesia.

Palavras-chave: Felicidade; Psicanálise e cultura; Hedonismo; Contemporaneidade; Cura.

RESUMEN

El tema de este trabajo es la Felicidad. Se trata de un asunto abordado directamente por Freud, pero que en la actualidad parece haber desaparecido de la literatura psicoanalítica y de las preocupaciones de los pensadores de manera general. La cuestión de la Felicidad ha correspondido a nociones diferentes a través de los tiempos. Asimismo, ha reflejado la cultura vigente en cada época. El presente trabajo se inicia con un rastreo de las varias visiones que la cultura nos ha legado sobre el tema, desde la Grecia antigua hasta nuestros días. Contemporáneamente, la idea de Felicidad está marcada por nociones hedonistas, que consideran que la incomodidad y el sufrimiento deben proscribirse para alcanzar una Felicidad a cualquier costo. Sufrimos porque no logramos ser felices de acuerdo a lo que se propaga como verdadera felicidad. Lo que antes era un proyecto del Id hoy en día se ha tornado un proyecto del Superego. Como consecuencia, surgen esfuerzos para comprometer al psicoanálisis en la lucha por la ausencia de sufrimiento. Como reto para el método psicoanalítico, se ofrece una propuesta hedonista de trabajo. Esto conlleva el riesgo de que el psicoanálisis se desnaturalice y que se transforme en un objeto de consumo para alcanzar una Felicidad utópica basada en la analgesia.

Palabras clave: Felicidad; Cultura y psicoanálisis; Hedonismo; Contemporaneidad; Cura.

ABSTRACT

The subject of this work is Happiness. This subject has already approached by Freud. However, nowadays, it seems to have vanish from psychoanalytical literature and from the concern of thinkers, in general. Many different notions have been attributed to the question of Happiness through the years and they reflect the culture of the times. At the present time, the idea of Happiness carries hedonist notions that end up by considering that uneasiness and suffering must be banished in the name of Happiness to be attained at any cost. Consequently, new efforts appear to engage psychoanalysis in the fight for the banishment of suffering. Therefore, we are at risk of disqualifying psychoanalysis and transforming it in consumer’s goods.

Keywords: Happiness; Psychoanalysis and culture; Hedonism; Contemporaneity; Cure.

Velho Tema I

“Essa felicidade que supomos
Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos”
(Vicente de Carvalho-1866-1924)
Embora este texto tenha por epígrafe uma poesia, ele é uma abordagem estritamente psicanalítica do tema “Felicidade”. Poesia, literatura em geral, artes várias, religião e filosofia são campos expressivos da cultura onde encontramos os sinais da preocupação humana em torno dessa questão. Pretendo utilizar a expressividade desses campos para discorrer psicanaliticamente sobre ela.
Como projeto humano individual, a ideia de felicidade é tão constante e transparente que até parece dispensar explicações mais profundas. Quase todo mundo sabe imaginar um quadro pessoal da felicidade que almeja. Como projeto de uma cultura, também a ela não faltam intérpretes privilegiados e pretensiosos que se dediquem a delinear seu contorno e condições de possibilidade.
Embora pareça, a princípio, uma noção de senso comum, a felicidade é uma questão que comporta delineamentos ambíguos que tornam sua expressão até controvertida. Um dos aspectos dessa ambiguidade foi expresso pelo poeta, na epígrafe acima. Ou seja, a felicidade, transferida por nós mesmos para um território utópico, nunca chega a nos pertencer. Existe maior tragédia do que esse desencontro provocado por nós mesmos? Todavia, continuamos a falar em sermos felizes. Essa noção, arraigada em nossos corações e mentes, talvez flua daquele espaço que Bion (1963) chamava das pré-concepções. A felicidade seria uma pré-concepção que, a caminho de se tornar concepção, mediante uma experiência, sofre descaminhos imprevisíveis. E ficamos órfãos de uma condição que, na verdade, nunca experimentamos de forma estável e, muito menos, em plenitude.
Freud (1930/1976) se ocupou diretamente e, de forma exaustiva, do tema da felicidade, em seu texto, “O mal-estar na civilização”. Segundo MacMahon (2006), o título original que Freud pretendeu dar àquele texto era: A infelicidade na cultura (Das Ungluck in der Kultur), o que seria uma denominação bem mais contundente que aquela oficializada posteriormente. Ele afirmava que a busca da felicidade era inerente ao ser humano. Há exigências pulsionais que levam o homem a almejar a felicidade, procurando sensações de prazer e, ao mesmo tempo, evitando a dor, o desprazer. Acontece, porém, que há um antagonismo entre essas exigências pulsionais (ligadas ao Princípio do Prazer) e as restrições impostas pela civilização para que o convívio entre as pessoas seja, pelo menos, razoável. Desse antagonismo, emerge a culpa e, num ser culpado, o projeto de ser feliz, em termos pulsionais, está comprometido. E Freud (idem) explicita por que: … o preço que pagamos por nosso avanço em termos de civilização é uma perda de felicidade pela intensificação do sentimento de culpa (p. 158). Em outro trecho, ele diz, sem meias-palavras: O programa de tornar-se feliz, que o princípio do prazer nos impõe, não pode ser realizado plenamente (p. 102). No entanto, sua atitude não era de desprezo para com os esforços humanos nesse sentido. Logo adiante, na mesma linha citada, ele prossegue: contudo, não devemos – na verdade, não podemos – abandonar nossos esforços de aproximá-lo da consecução, de uma maneira ou de outra. O enfrentar esse desafio, ou esse paradoxo, trágico em sua consecução, contém um tom de altivez, heroísmo e não resignação, muito do agrado do fundador da psicanálise.
Não obstante, nós psicanalistas continuamos a ser procurados por pessoas que pretendem o alívio de suas dores, ou o afastamento do desprazer que sentem, na expectativa de desfrutar da felicidade. Felicidade que cada um tenta formular à sua maneira, conforme suas fantasias. Sabemos também que a petição de ser feliz pode ser a manifestação de um sintoma. Na malha desse sintoma, poderemos, com o trabalho, identificar conflitos, recalques, culpas, fantasias etc. Enfim, sempre atrás de um sofrimento, vamos encontrar um Ego tentando conciliar dois funcionamentos mentais: o do Princípio do Prazer e o da Realidade.
Será que temos mais alguma coisa a aprender acerca do sofrimento humano? Existem características específicas desse modo in-feliz do viver humano, que trazem marcas da cultura contemporânea? E a psicanálise diante desse quadro? O que ela pode fazer pelas pessoas que buscam, no divã, obter uma senda para a felicidade? São essas as questões que tentarei abordar.

A felicidade tem uma história

Seria ingenuidade pensar que, em todos os tempos, em todas as culturas, a noção de felicidade sempre foi a mesma. Ingenuidade seria, também, pensar que, ao longo dos tempos, as pessoas se ocuparam dessa questão com a mesma ênfase que hoje é dada a ela. Podemos desenvolver uma “História da felicidade”, mediante a qual notamos que essa noção vai encontrando/criando identidades próprias para se expressar.
Até alguns séculos passados, os filósofos se ocuparam, em maior ou menor extensão e profundidade, em discorrer sobre a felicidade. Hoje, parece que eles se cansaram desse objetivo (não por esgotamento do assunto, é claro) e se voltaram para as intrincadas questões da linguagem, ou para os rigores da epistemologia. Talvez a pós-modernidade tenha contribuído para essa situação, ao relegar para o baú do romantismo esse tema considerado demodé. Esse vácuo de interesse e inspiração sobre a temática, foi logo percebido por algumas pessoas que o ocuparam com uma abundante produção de manuais de autoajuda, de estímulos, com o intuito de alcançar felicidade e de obter “chaves” para um acesso rápido ao paraíso. Num plano de maior seriedade e de não oportunismo, ainda nos resta a esperança de que os poetas, como o que citei, possam nos sinalizar novas intuições válidas a respeito.
Recentemente, MacMahon, já citado, um professor de Filosofia americano, escreveu um livro sobre a Felicidade, no qual procura descrever como, no decurso da história, foram se articulando vários discursos sobre o tema, cada qual com um matiz próprio, delineando feições diferentes para o que, de forma genérica, temos chamado de Felicidade. Remeto os leitores a esse agradável texto e, de suas ideias principais, vou fazer um apanhado bastante sucinto.
MacMahon deixa claro, logo de início, que a noção que se tinha sobre a felicidade, na antiguidade, diferia muito da que temos atualmente. Para os antigos gregos, a felicidade era um dom dos deuses, não vinha por mérito das pessoas, mas por lance de sorte ou destino. Não haveria interferência humana no encontro com esse bem, que estaria, portanto, fora de nosso controle. Já na Grécia Clássica, a questão se torna diferente. A felicidade é retirada do território dos deuses e colocada nas mãos dos homens, embora não houvesse a ilusão de que fosse fácil alcançá-la. Essa posição parece estar contida nas ideias de Sócrates, Platão e Aristóteles. Esses autores viam a felicidade como compilação de muitas qualidades vividas, entre elas, a virtude. O homem virtuoso podia ser feliz, mas essa condição só poderia ser avaliada após sua morte. Nesse ponto, fica inserido o fator racional na posse da felicidade. A virtude organizaria as vidas de acordo com uma ordem preestabelecida e, por essa correspondência racional, surgiria a felicidade.
O tema da felicidade é central no Cristianismo, mas tratado como um bem perdido por conta do pecado original. Pior do que uma não-felicidade é uma felicidade perdida por um ato culposo. Aqui, felicidade e tragédia se articulam: nossa incapacidade de ser feliz é lembrete amargo de uma falha (o pecado original), cujas marcas carregamos. Mas a esperança de felicidade é reintroduzida pelo próprio Deus ofendido, que oferece aos homens a graça de apagar essa marca; todavia, essa promessa anuncia, não propriamente a felicidade, mas uma “esperança de felicidade” a ser vivida num outro Reino. Quanto à felicidade aqui, Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino a viam como possível, porém imperfeitamente realizável. Com essa postura, parece que o Cristianismo realizava uma ponte, ou conciliação, entre aquelas duas posições mencionadas a propósito dos pensadores gregos daquelas duas diferentes épocas: a felicidade (destinada a todos os homens) era unicamente possível como dom de Deus, mas exigia também uma contraparte virtuosa (ética) no homem.
Mas voltando à questão da virtude: seria ela um dom entregue aos homens em condições prévias de viabilidade, ou só seria provável pelo esforço humano de cultivá-la? Essa discórdia esteve no âmago do movimento que culminou na Reforma Protestante. Para Lutero, somos justificados pela Fé, ou seja, tornamo-nos justos, não punidos com a justiça, por um dom de Deus. O homem justificado deveria ser alegre, pois viveria em harmonia com a natureza que lhe fora atribuída por Deus. Com essa colocação atacou o lugar privilegiado do sofrimento na tradição cristã. Se inevitável, o sofrimento não era a chave perfeita para a salvação. Com Calvino, essa questão do sofrimento é deslocada mais ainda para uma situação lateral, mas sua afirmação de que há poucas pessoas predestinadas a serem salvas pela Graça, não deixa de incomodar. A Graça é uma chave, mas não para todos. Dizia ele: Quando a bondade de Deus sopra sobre nós, não há nada (…) que não nos leve à felicidade.
Conclui-se daí que pessoas felizes expressam em sua felicidade o dom da graça recebido. Enfim, a alegria, o bem-estar poderiam ser tratados como indicativos do favorecimento divino. Essa correlação imediatista foi bem recebida na América do Norte, por exemplo, onde cidadãos passaram a se dedicar com paixão ao trabalho, à acumulação de riquezas, ao bem-estar, como maneira de se certificarem (e mostrarem aos outros) que tinham sido favorecidos de maneira especial por Deus.

Com o Iluminismo (séculos XVII e XVIII), a questão da felicidade sofre uma dupla virada. Não é mais um valor tutelado pelos deuses e nem uma promessa para outra vida. Ela não só era uma aspiração humana legítima, mas igualmente uma condição a ser obtida nesta vida. Mais ainda: a felicidade consiste em um direito de todos, um bem básico. Maximizar o prazer e minimizar a dor era meta iluminista. A ampla iconografia da época dá testemunho dessa procura; no entanto, seria simplismo reduzir todo o conteúdo da mensagem do século das Luzes a essa fórmula. A penetração de tais ideias se deu em todos os quadrantes da cultura. A felicidade, emancipada de expectativas divinas, passou a ser uma questão social e de cidadania, preservada pelo Estado. Foi na linha desse ideário que a Declaração da Independência dos Estados Unidos (1776), redigida por Thomas Jefferson, assinalava que todos os homens foram dotados por seu criador de direitos inalienáveis, entre eles: a vida, a liberdade e a busca da felicidade. A Revolução Francesa, em sua Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) prometia lutar pela felicidade de todos. Mas o vigor revolucionário acrescentava que essa promessa demandava esforço, trabalho e uma atuação em escala organizada.
O Movimento Romântico, embora pródigo em focalizar o sofrimento humano, nunca deixou de lado o interesse pela felicidade. Este tema aparece, muitas vezes, tratado como Alegria, embora com um sentido próprio: é o contraponto do desespero e, muitas vezes, sua irmã siamesa. A Alegria viria da capacidade de o homem se conectar com ordens superiores, como o Espírito, o Ser, o Infinito etc. A Ode à Alegria, de Beethoven, é uma visão desse contato.
Com o marxismo, a questão da Liberdade se coloca na linha de frente das preocupações. A Felicidade não é uma meta, mas a consequência dos homens se libertarem de suas alienações. A alienação consistiria num desejo individual falsamente construído por um sistema artificial de necessidades, colocando as pessoas em conflitos com um bem coletivo. Mas a desalienação só poderia ocorrer por meio de uma luta revolucionária para transformar a sociedade e superar as condições alienantes do trabalho que separa as pessoas de sua natureza e umas das outras. Resultaria, então, um estado de liberdade, sem imposições das divisões de classe. Podemos entrever uma promessa religiosa nessa proposta: o fim da alienação (as marcas do pecado original?), dos conflitos entre os homens e do retorno do homem a si mesmo. Uma felicidade humana real, uma promessa metafísica?
E agora?
A busca continua. Trágica como antes, porque frequentemente cai na decepção. Somos mais felizes hoje do que antigamente, com todos os progressos materiais e tecnológicos de que dispomos? O incrível aumento das expectativas de vida que nos asseguram que poderemos viver mais anos que nossos antepassados incrementa nossa felicidade? Há pesquisas feitas que tentaram quantificar, em alguns países, a dose de bem-estar proporcionada pela situação socioeconômica das pessoas. O resultado apontou o seguinte: até certo patamar de prosperidade econômica e organização dos sistemas sociais, os índices de bem-estar autodeclarados parece que aumentam. Mas somente até certo patamar. A partir daí, crescendo a prosperidade, não cresce a sensação de bem-estar. Tudo indica que passa a haver um menor retorno em termos de felicidade. No presente, tendo, como Prometeu, se apossado do fogo dos deuses e desenvolvido um progresso intelectual, material e social em escala sem precedentes, o homem parece ainda insatisfeito. Já em 1930, Freud assinalava que: No interesse de nossa investigação, contudo, não esqueceremos que atualmente o homem não se sente feliz em seu papel de semelhante de Deus (p. 112).
Aqui, em vez de tentar mapear índices de bem-estar contemporâneo, proponho-me fazer uma operação inversa. Que fatores culturais condicionam, hoje, o mal-estar que detectamos de forma generalizada? Omitirei, por não caber neste estudo, aquelas situaçõeslimite, de carência, em que vive grande parte da humanidade.
O hedonismo moderno: uma arma trágica de dois gumes
Indubitavelmente, vivemos em uma época na qual a promessa de felicidade, agora separada de suas conotações com o sagrado, estaria no final da trilha de um comportamento que chamaríamos de hedonista. O hedonismo não é invenção moderna. E pode ter tido, ao longo da história, várias versões. O emprego dessa palavra exige que se exponham as configurações com que ela se apresenta neste texto.
Em termos genéricos, poderíamos dizer que o hedonismo que se nos apresenta hoje em dia propõe extrair da liberdade individual o máximo de prazer disponível, o que seria o equivalente a ser feliz. Emprego o termo disponível para sinalizar a possibilidade de consumo de todas as benesses que o progresso tecnológico nos põe à disposição. Quanto mais pudermos consumir, mais seremos felizes. Essa é a promessa embutida na crença propagada pelos meios de produção. Nesse sentido, até a psicanálise pode ser encarada como um bem a ser consumido nessa promessa de felicidade. Volto mais adiante à questão.
Essa proposta hedonista se insere dentro de uma arquitetura de “razões”, algumas explícitas, outras implícitas. É importante não só assinalá-las, como discutir suas consequências.
A primeira delas aponta não apenas que podemos ser felizes, mas que devemos ser felizes. Essa postura implica uma mudança radical em nossas estruturas psíquicas: o que antes era considerado de pertinência ao Id (a busca do prazer), passou a ser de pertinência ao Superego. Em outras palavras: estaremos condenados (à culpa) se não formos felizes. McMahon (2006) assinala que, em consequência, vivemos o fardo da infelicidade de não sermos felizes. E pagamos o preço de tal pensamento com sofrimento.
A segunda “razão” formula, generosamente, em termos explícitos, as trilhas e as atitudes que todas as pessoas devem adotar para chegarem “lá”. O que fica implícito (ou oculto) na proposta, é a contradição nela embutida: que a decantada liberdade individual na escolha dos prazeres fica tolhida, quando não negada, pelo fato de se imporem às pessoas padrões de consecução de prazer. Exemplos: a mulher feliz é a que…; o homem de sucesso é aquele que…; a mulher liberada sexualmente é a que…; o jovem moderno é aquele que... etc. Um livro de autoajuda, recentemente publicado no Brasil apresenta, em um folheto promocional, a promessa de mais de cem mensagens para você superar seus medos, solucionar seus problemas, alcançar o sucesso e mudar radicalmente sua vida. A obrigação de ser feliz é também condicionada à posse de um corpo cujas características estéticas estão determinadas, a priori, por padrões preestabelecidos. Quem não se enquadrar nesse padrão, trate de alcançá-lo, senão… Essa situação, extremamente desconfortável, quando não frustradora, ficou evidenciada numa recente pesquisa (2007) da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil), que estudou os índices de satisfação com o próprio corpo, numa amostra que incluía crianças e adolescentes dos dois sexos. No universo pesquisado, 62% dos entrevistados se disseram insatisfeitos com seus corpos. Estamos aqui em plena vigência de outra contradição: os mesmos modelos ofertados para se alcançar uma felicidade padronizada, idealizada, acabam arrastando a pessoa para frustração, culpa e sensação de exclusão do paraíso.
O terceiro aspecto da arquitetura mencionada diz respeito à noção de prazer à qual ela se direciona. Esse prazer não decorre do exercício das virtudes, como os gregos queriam, mas da capacidade de ter sensações prazerosas. Isso implica a primazia do prazer sensorial, aquele proporcionado pelos sentidos que o corpo abriga. Vivemos um império dos sentidos, uma busca de sensações, que acaba minimizando o valor de se viverem afetos, emoções mais enraizadas em trocas afetivas com os outros. Na esteira dessa procura, podemos apontar a exaltação que se faz do impulso para se buscar experiências novas, enfrentar desafios e, muitas vezes, viver situações de perigo, nos limites de risco de vida. Aqui, Tânatos é convocado, junto a Eros, para a vitória final dos sentidos. Gostaria também de citar a convocação da sexualidade, em sua vertente predominantemente orgástica, para se juntar a essa onda sensorial.
A consequência de todas essas propostas conduz a um traço que me parece ser marcante nas culturas próximas a nós e em nós mesmos. Vivemos em uma cultura da analgesia. A procura de prazer cria projetos explícitos, não de se minimizar a dor, mas de se abolir a dor em todos os níveis em que ela possa aparecer. Talvez nunca a intolerância à dor tenha sido tão evidente. E o curioso: a dor é “atacada” numa perspectiva de ação religiosa, como um ato de exorcismo com o qual as pessoas tentam se defender das forças demoníacas que as assaltam.
Até aqui apontei as tentativas de defesa contra a dor, que são feitas individualmente; entretanto, a questão não se esgota nesse plano individual. Recursos mais amplos são convocados para o mesmo fim.
A medicina convocada
Talvez nenhuma outra área do conhecimento humano, a não ser a Medicina, seja depositária de tantas expectativas para se anular a dor, seja ela física ou moral. A nosso olhar atual, até parece natural essa expectativa de anulação da dor por parte da Medicina e nem sequer cogitamos se esta sempre foi direcionada a esse propósito. Na realidade, nem sempre foi assim.
Illich (1976) numa obra polêmica – A expropriação da saúde – aponta que a colocação da “doença” no centro do sistema médico é de época recente e remonta aos tempos de Galileu. A objetivação do sofrimento por sua transformação em entidade clínica manipulável revolucionou a noção anterior de doença que a colocava como sofrimento experimentado por um ser e implicou mudança da Medicina comparável à revolução copérnica na astronomia: o homem, a pessoa, deixava de ser o centro de seu universo para ser colocado em sua periferia. Durante séculos, na cultura ocidental, a atenção médica era focada na pessoa como um todo, sem discriminação de corpo e mente. A Medicina Hipocrática, por exemplo, visava ao restabelecimento da harmonia, sem que o objetivo da intervenção médica fosse, diretamente, a supressão da dor. Entre outras razões, era porque a dor, concebida como a experiência da alma presente no corpo inteiro, não podia ser objetivada num mal determinado. Era a pessoa que sofria e, não apenas, seu corpo.
A luta da Medicina contra a dor se inicia como consequência das ideias de Descartes, até que, no fim do século XIX, a dor aparece emancipada de todo referencial metafísico. A “virada” da Medicina rumo à analgesia (em sentido amplo) reflete uma reavaliação ideológica da dor. Sua eliminação passa a definir a própria Medicina, respondendo a um mandato conferido pela angústia central da cultura, em sua procura hedonista. O desejo terapêutico passa a ser substituído pelo furor curandi. É aqui que Illich denuncia o fenômeno (pouco percebido) da Expropriação da saúde: gerenciando a vida humana em todas as faixas etárias e em todas as situações críticas existenciais (desde um parto até um momento de angústia), a Medicina acaba se transformando na guardiã do paraíso desejável da analgesia. Esse fato se reflete inequivocamente na formação do médico atual: ela é voltada, predominantemente, a equipá-lo, técnica e pessoalmente, a ampliar sua capacidade de objetivação da dor. Este controle da mesma, mediante os dados sensoriais, tem sido o responsável por uma deformação que leva o médico a traduzir a linguagem da dor em termos fisiopatológicos precisos, mas não o conduz a compreender o sofrimento vivido por quem é o seu portador (Mello Franco Filho, 1977). A medicalização progressiva da dor e da morte, ilustra a luta do homem pelo exorcismo do sofrimento na trajetória de sua vida. Numa sociedade industrial cujo mais alto valor de consumo é o bem-estar, quaisquer recursos podem ser convocados para essa luta.
A convocação da psicanálise
Freud era médico e, como médico, debruçou-se, no início, sobre o problema das neuroses. O nascimento da psicanálise no contato com a questão das neuroses parece ter alimentado a ideia de filiação permanente da mesma à Medicina. Aliás, parte da terminologia que ainda hoje usamos para descrever aspectos do processo analítico, advêm da clínica médica; termos como: paciente, clínica, tratamento, cura, alta etc., ainda hoje circulam na fala dos próprios analistas. Por essas aproximações históricas e terminológicas, a psicanálise se viu identificada a um procedimento médico e, hoje, quando a sociedade cobra resultados da psicanálise, o faz sob a perspectiva de que a mesma constitui parte do arsenal médico para combate às doenças mentais. A propósito da noção de doença mental, cumpre lembrar que a mesma possui um embasamento ideológico e que o comportamento humano tomado numa perspectiva de doença se oferece como objeto de manipulação por uma escala de valores sociais que nada têm a ver com ciência (Mello Franco Filho, 1977). Colocar a psicanálise na esteira da cura das neuroses para obtenção de uma felicidade coletiva, é atribuir a ela um papel nessa manipulação ideológica. A Freud (1930/1976), não escapou a falácia de tal proposta e suas consequências. A esse respeito ele foi categórico:
Uma dissecação psicanalítica de tais neuroses poderia levar a recomendações terapêuticas passíveis de reivindicarem um grande interesse prático. Eu não diria que uma tentativa desse tipo de transportar a psicanálise para a comunidade cultural seja absurda ou esteja fadada a ser infrutífera. Mas teríamos de ser muito cautelosos e não esquecer que, em suma, estamos lidando apenas com analogias e que é perigoso, não somente para os homens, mas também para os conceitos, arrancá-los da esfera em que se originaram e se desenvolveram. (p. 169)
Seria pretensioso demais tentar “curar a psicanálise” de tendências (quaisquer que sejam) que parecessem estranhas à sua natureza. A psicanálise não é um conjunto de ideias, mas uma práxis que depende essencialmente das pessoas que, nela, estão envolvidas. Creio, também, que não se trata de consagrar um modelo psicanalítico como o mais ortodoxo. Minha advertência é no sentido de, nós psicanalistas, não cedermos à tentação de encaixar a atividade psicanalítica neste ou naquele modelo de moda.
Encontrei um artigo do filósofo esloveno Zizek (2003), cujo título e conteúdo me sugeriram conexões interessantes para a compreensão do desafio lançado à criação de uma “Psicanálise contemporânea”, atenta às “demandas” atuais. Zizek comenta que hoje vivemos uma situação de hedonismo envergonhado que tenta conciliar a posse de um prazer, mas sem passar pelo constrangimento que se tem pelos aspectos não prazerosos (nocivos) que fazem parte da essência desse prazer. Diz o autor: No mercado de hoje, encontramos toda uma série de produtos desprovidos de suas propriedades nocivas: café sem cafeína, creme sem gordura, cerveja sem álcool… (p. 3). Ele ainda acrescenta: sexo virtual, como sendo sexo sem sexo, guerra sem mortes (de nosso lado, evidentemente), política sem “política” etc. Esta combinação de prazer com constrangimento nada tem a ver com a antiga noção de “medida certa”. A que discuto opera na crença de obter com que nossa procura de prazer não tenha a marca da transgressão, com suas consequências de desprazer e culpa. Enfim: vale a transgressão, desde que não pareça transgressão. E sugere ser esta a atitude do Último Homem hedonista de hoje: tudo é permitido, pode-se desfrutar de tudo, porém desprovido da substância perigosa (p. 3). Caminha-se para a criação e consumo do ópio sem ópio.
Considerações finais
Volto agora ao tema que motivou este trabalho: a Felicidade. Embora nós psicanalistas possamos ser cautelosos em relação às demandas de felicidade formuladas, direta ou indiretamente por nossos pacientes, não podemos nos negar a considerar essa questão, à medida que ela é uma motivação central para a procura de análise por parte dos que são portadores de algum sofrimento psíquico.
As demandas dos que se sentem excluídos da felicidade podem conduzir às mais variadas procuras: ciência, medicina, magia, religiões e terapias psicológicas de várias naturezas. Cada uma delas equaciona seus recursos aos fins desejados. Encarada em sua versão mais divulgada – a vertente terapêutica – a psicanálise também é alvo dessa procura. E aqui entramos no plano clínico da questão de que nos ocupamos.
Nós, analistas, motivamo-nos ao trabalho pelo desejo de conhecer e ajudar as pessoas. Pelo menos, conscientemente, é o que se passa em nosso interior. Um acordo estabelecido entre analisando e analista inicia o processo. Sua trajetória, porém, está permeada de conflitos e armadilhas para ambos. Tanto as motivações do analisando para fazer análise quanto as motivações do analista para funcionar como analista, podem ser colocadas em questão durante uma análise. Uma ou mais crises se instalam. Muitas vezes o paciente reclama da ausência de efeitos sensíveis, da demora, do custo e… da ineficiência da análise para “resolver” seus problemas. Essas demandas podem servir de “convite” para que o analista entre na trajetória de uma psicanálise descafeinada, como chamei, mesmo porque ninguém gosta de “perder um paciente”.
Em relação ao sofrimento, a análise nunca poderá “garantir” ao paciente a “extração” de suas dores, nem a prevenção de sofrimentos futuros. Estamos aqui no plano de uma crença: a tentadora ideia de uma psicanálise segura, criada na mesma trilha mencionada por Zizek, do sexo seguro: a falácia de que todos os efeitos dos atos humanos podem ser previstos e evitados. No caso da sexualidade, seria uma sexualidade isenta dos conflitos que a permeiam, os quais, sabemos, são os elementos básicos que encaminham a estruturação de nossa personalidade. O sexo seguro surge também como um competidor do chocolate laxante, ou do almejado ópio sem ópio.
Freud, em sua clínica, ou em seus escritos sobre a cultura, não deixou de mencionar e lidar com esses conflitos – em torno da questão sofrimento/felicidade – que podem surgir entre a psicanálise e a cultura em que ela é praticada. Uma mostra significativa de sua posição frente às perspectivas da psicanálise poder tornar “feliz” um paciente está nas considerações com que encerra a descrição e discussão dos famosos “Estudos sobre a Histeria” (em colaboração com Breuer) (1893/1976). A questão central ali inserida é sobre a ajuda que o analista pode oferecer ao paciente diante das circunstâncias e fatos da vida que o colocaram em sofrimento. Freud exemplifica sua posição clínica por meio de um diálogo hipotético com um desses pacientes. A resposta é apresentada nos seguintes termos:
Sem dúvida o destino acharia mais fácil do que eu aliviá-lo de sua doença. Mas você poderá convencer-se de que ganharemos muito se conseguirmos transformar seu sofrimento histérico em infelicidade comum (o grifo é meu). Com uma vida mental que foi restaurada, transformandose em saúde, você ficará melhor armado contra essa infelicidade. (p. 363)
Percebe-se que a fala do criador da psicanálise, não é apenas uma resposta técnica a uma situação de demanda de um paciente. Vai além disso: é um posicionamento ético de um analista que respeita, simultaneamente, o paciente e seu campo de trabalho.
Podemos não ter garantia nenhuma do final feliz de uma análise. Mas podemos nos capacitar (mediante nossa análise pessoal e nossa formação) para lidar eticamente com os dilemas que vamos encontrando ao longo desse difícil caminho de adentrar no sofrimento humano e em suas vicissitudes.

Referências
Bion, W. R. (1991). Elementos em psicanálise. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1963). [ Links ]
Freud, S. (1976). Estudos sobre a histeria. In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v. 2. Trad. J. Salomão. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1893) [ Links ]
_____ (1976). O mal-estar na civilização. In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v. 21. Trad. J. Salomão. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1930) [ Links ]
Illich, I. (1976). A expropriação da saúde. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. [ Links ]
MacMahon, D. M. (2006). Felicidade: uma história. São Paulo: Globo. [ Links ]
Mello Franco Filho, O. (1977). Psicanálise e medicina: um confronto. Revista Brasileira de Psicanálise, 11(2), 155-170. [ Links ]
Zizek, S. (2003). O hedonismo envergonhado. Folha de S. Paulo, São Paulo, Caderno Mais!, 19/10/2003. [ Links ]
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