1 de julho de 2014

ENCONTROS COM O MÊS DE JULHO (01)

Hoje é 1º de Julho.

Os sete quilômetros que separam minha casa na Praia do Flamengo ao trabalho em Itapuã, são suficientes para ouvir umas quatro músicas. Por sorte, bem antes de agora, no domingo crepuscular, chegaram em minha varanda os compadres cantadores, Mirian e Wilson Aragão. Seu filho Rui Aragão, logo cedo naquela calma que lhe é peculiar, no balanço da rede, nas prosas do cotidiano, já tinha sintonia com seu smartphone em rede e na rede.

A fala inicial só foi para falar que os compadres trouxeram como presente, um CD intitulado FORRÓ e CANÇÕES. Assim, no dia de hoje e de agora, levei Wilson Aragão em CD, na viagem dos sete quilômetros para ouvi-lo, não em seus causos que ouviria só um, dado a comprimento das falas. Também nem quis lisonjear-me com a música que fala: "Agora aprendi o caminho da roça, Caldas de Cipó, segura Noure lá no Rio Quente". "Massaranduba quanto tempo faz" ouvi apenas um refrão.Quase que parava em "Dúvida Duvidosa" naquela ideia de "Não sei se eu falo, não sei se não falo". Segui caminho nas faixas e já estava na curva de Stella Maris quando pulei pra " um abraço até logo salvador, nem que seja no lombo de um jumento...". Daí, o pulo chegou a "Deja...Quando na noite das luas de luar...E já sabia o que era uma canção." Pra lembrar o domingo, nada mais do que "E no domingo depois que eu beber vinho francês...Na estrada dessa manhã de novesfora nós dois". Nem vou citar fragmentos de Sertões e sertões, o clássico das canções, nem Beira Mar, nem "No inverno da noite, no Soure da vida", quanto mais, Tecendo o Amanhecer, "Mosaicos". Istalô, istalô, indicou a música que poderia ouvir por completo quando peguei o pedaço da Paralela e da Dorival Caimmi até chegar o destino final.

A quarta faixa do CD comemorativo das cantorias de Wilson Aragão, entre as 19 copiadas e coladas ao vivo no Artesanal Estúdio do também amigo e filho dos Aragão, Pitt, é a que ouvi quase que completo. Nem toda, mas, vejo que a parte: "E por falar de amor, faz tanto tempo que não te vejo, re re repare que ga gagarejo...Já perdemos tanto tempo, tanto tempo a caminhar." É uma parte que traduz e muito o coração do compadre cantador. Em seu mundo de assentamento, nas freguesias de Santo Amaro, reflexões no correr dos tempos, na caminhada dos diálogos, faz ecoar um silêncio que se ouve em todo sertão na ideia de ser um bom peregrino na estrada, cicatrizando caminhos, peregrino na noite com a sina de ser um filho da terra pelo mundo que não é dele.

Chego ao ponto de ficar e até às 12 horas, entre atendimentos e falas profissionais, ouvir o som ambiente naquela ideia de "vai pensamento sonha, abre as porteiras da terra", faz-se necessário.

Noure Cruz

9 de abril de 2014

A FRASE?
- Meu Deus! Corre que o Grandotel tá pegando fogo!

COM UMA BANDA INTERNACIONAL TREPIDANT'S - AO VIVO! UIA! CANTANDO REMEMBER ME. Tô até ouvindo agora. Linda!
O PRIMEIRO GELO SECO EM CIPÓ, NUM BAILE DO GRANDE HOTEL 
FOI UM DEUS NOS ACUDA E SALVE-SE QUEM PUDER.
Sem dinheiro e menino não podia entrar, entrei pelo buraco, via seu Martins do pastel
Muita sandália perdida, coletes no chão...

Mas, a história faz parte.
Houve um tempo que por aqui tinha gringo de araque:
O amigo Sandorval, criador em Cipó da fala: "é isso aí gentche amiga"
dava um alô para mim assim: um abraço para o amigo Norievysky Kravejack, dado que o pessoal lhe falava no ouvido: ele parece que num vota na gente.
Em Ribeira do Pombal na adolescência, eu me apresentava como Odlaviruon Arierref.Janilson era noslinaj e o amigo Carlinhos de Caçula era Sohnilrac, sem contar que Divalso do finado Titela era Dhyvan e Vanginho chapista era Éder.

Nem era assim que eu queria falar as coisas. É que tava numa pesquisa, pronto, falei, dos anos 70 no Brasil e enxerguei que pra ser cantor bom no Brasil, era necessário ter nome estrangeiro com um inglês pra lá de palavras montadas, até porque a discoteca, o dancidays, era sinônimo de sucesso.
Ontem eu estava de plantão na madrugada, Expobahia/2014 e mostrei a um amigo cinquentão a banda Trepidants e ele falou: "isso é que era música!" Informei que era de Recife e ficou maravilhado.
Banda, cantor, fazia-se passar por americano ou britânico, ainda que tivesse nascido em Copacabana ou no Cauanga. Vendia-se muito disco e muitas novelas utilizavam como trilha sonora.

Olhem os nomes dos brasileiros cantores: Morris Albert (o autor de Feelings), Mark Davis que é Fábio Jr.), Chrystian que é o José Pereira da Silva, Christie Burgh era o finado Jessé.
Bandas? A maioria tocava em bailes, como os grupos Sunday, Lee Jackson, Light Reflections e Pholhas, Harmony Cats. Na pesquisa, li que as letras eram compostas por quem não sabia nada de inglês. Hoje, graças que tem o GOOGLE TRADUTOR.Hunnn.
Eles tiravam os versos de suas canções de um livro dos anos 30 chamado Inglês Como Se Fala. "A gente achava uma frase legal, copiava e depois tentava emendar com outras do mesmo livro", confessa Oswaldo Malagutti, ex-baixista do grupo Pholhas.

http://letras.mus.br/trepidants/877496/#radio

Noure Cruz.

7 de fevereiro de 2014

Um terreiro observado e vivido por Jorge Amado - TERREIRO DE JOÃOZINHO DE GOMEIA

Outros candomblés podem ser mais puros no seu rito, como o do Engenho Velho de brotas e o Axé do Opô Afonjá, o grande templo da mãe de santo Aninha.
Porém, nenhuma macumba tão espetacular como essa da roça de Gomeia, ora nagô, ora angola...
Ali aprendem os cantos e as danças, a língua nagô, que é ritual dos candomblés.
Pelo caminho encontram dois ou três candomblés que São caetano é caminho de orixás e caboclos, mas, a roça de Gomeia fica mais longe e mais importante.

Não é uma chácara, é templo religioso

Na casa do pai de santo está a camarinha onde as iaôs e as filhas de santo mudam a roupa, quando os santos descem para montar seus cavalos. Ali estão guardados os vestidos mais belos que se possam imaginar. O vestido vermelho espantoso, de palha, que é a roupa de Omolu, o médico dos pobres. Ali estão as roupas azuis e brancas de Iemanjá, a espada de Oxóssi, os instrumentos de Xangô. As roupas alvas e belas de Oxalá, o maior dos santos.

E noutro quarto, o peji. Sobre grandes talhas rendadas, em meio a flores e fitas, vê-se a pedra verde de
Iemanjá, a deusa das águas.
No chão tapetado de folhas, os pratos de comida oferecido aos santos: o acarajé, o abará, o acaçá, o xinxim de galinha.
 No fundo da casa, enfeitado com bandeirolas está o terreiro. Numa extremidade levanta-se o altar, onde os deuses caboclos e negros e os santos católicos se misturam. Ao seu lado ruge a orquestra "monótona e estridente" de que nos fala Castro Alves no Navio Negreiro. Atabaque, agogô e chocalho, eis os instrumentos. A música parece monótona e aos poucos abalará nervos dos presentes que se sentem sacudidos por uma invencível vontade de bailar. Desde pequeno, as pessoas se habituaram a ouvir esses cantos.
A princípio a dança é simplesmente ritual. Ainda não desceram os deuses. Vem a música mais poderosa, a orquestra ganha nova força, as canções são cantadas por todos. Vem Xangô e Oxóssi, vem o caboclo Pedra Preta cavalgando Joãozinho de Gomeia, vem Oxalá.

As filhas de santo caídas em transe, são levadas para a camarinha onde a roupa da baiana é trocada pelos vestidos do santo. Retornam e a orquestra ganha mais força e a dança já não é bem comportada. São bailados executados pelos caboclos e orixás.
Na sala de jantar, a comida do santo está sendo servida, acompanhada de aluá. Os deuses e os homens dançam em perfeita intimidade. 
Isso acontece no candomblé de Gomeia, em noite de macumba que duram dias e dias,e também em cerca de novecentos cabndomblés da cidade da bahia. Cidade negra, branca, cabocla, cidade mulata.
Jorge Amado em Bahia de Todos os Santos - Guia de ruas e mistérios.

17 de janeiro de 2014

LADAINHA DE MEUS DEDOS

Ladainha de meus dedos...

Foto via Lelinha,
Que buscou de Naninha
Que já se fez em mais de 100 compartilhamentos
E que chegou por aqui, assim,
Com longa viagem
Na base do salvar imagem
Daí,
De dedo em dedo
Salva e dá dó
Quem visita entende
Tá melhor ou pior?
E cada postagem uma saudade
Grande Hotel Caldas de Cipó
Todo produzido
Cheio de maquiagem
Deu luzes? Linda imagem!
A escuridão fez aparências rejuvenescidas
Botou botox?
E ainda com espelho cristalino em reflexo
Ai, ai fonte luminosa
Luzes sem água é um insulto
Coitada! Vc e seu instante
Vida não corre em seu duto
Tudo bem que é vigiada
Uma posição privilegiada
E entende o amigo Grande Hotel
De qualquer forma todo Feliz Natal,
A alegria compartilhada é natural
A gente olha e fica perplexo com compaixão
Na frente seu jeito artificial
Ao fundo só escuridão
Não se culpa um governo
Se culpa uma geração
Produtora de fingimentos
Aparências em prontidão
Cantou um poeta cipoense
Quando canto eu não choro
Talvez a arquitetura responda
Quero descansar em paz, eu imploro!
De cá respondo, mas, como se é visível
O seu jeito de se mostrar?
Mesmo com seu interior despedaçado
Não tem como não se olhar
Sabe Grande Hotel...
Não se deixe maquiar muito
É uma grande indecência
Mesmo sendo seus dias de estrela
Todos querem algo mais
Por admirar sua posição
Seu status de referência
Sabe quem protege o jovem que visita a praça?
Você!
Sabe quem já casou muita gente e brindou alegrias?
Você!
E tem muito mais...
Você é quem ampara muitos dos eventos
E não lhe dão nada em troca. Apenas um varrer aqui
Uma limpeza acolá
Mas, no outro dia...
Fica sozinho.
Não falo assim para ficar triste
Continue no natal sendo a luz,
Mesmo dentro de você
Ter uma quantidade de pus
Fique de boa e uma certeza
Uma certeza fica no ar
Parodiando um cantor amigo
Tem horas que a noite não tem uma estrela...
E você tem que brilhar.

Noure Cruz...

UM BANHO DE ÁGUA THERMAL

Sai o lodo
Fica o ferrugem
Sai a asia
Fica o magnésio
Sai o corre corre
Fica o Yoga
Sai o suor
Fica a água
Sai a zuada music
Fica o canto da cascata
Passa um doido
Entra um saudoso
Passa um evangélico
Entra um banhista
Passa um poeta
Entra a poesia
Sai, fica, entra, passa
Tudo se pacifica
Nos segredos das águas
Ao fundo uma poesia
E georgina Erisman grita
Na mais linda tela do sertão
No oásis que fala comigo
Assim...
Thermas, thermas
Calor que refresca em mim
Passantes que me vejo em passado
Presente que me vejo em passantes
Futuro pelas variantes
No instante extasiante
Thermas, thermas
Não há quem não se encante
E este é meu bom instante
Sereno, tranquilo, nas águas
Irradiante!
Noure Cruz.

MEU ACIDENTE

Não!
Não é sensacionalismo
Apenas um lembrete
De Eudimim
Natal/88
05 da manhã
Retorno de Pombal
Um colega se foi:
Fábio Muniz. Uma pena
Ficaram pra contar a história:
Jorge Mota
Solteiro, Dade, Lula.
E eu
Com a perna em fraturas
Uma imagem que se rasgou
E ficou o pedaço
Que ainda carrego a marca do acidente
Não poderia saber que naquele ano
Ouvindo Strauss o dia todo
Danúbio Azul e Bosques de Viena
Com um Old Eight.
Contratando Nezinho do amor
Com seu carro a gás
Que me perguntou:Lhe espero?
Eu disse, não! Há muitos amigos aqui
E fiquei e acordei quando disseram:
Tá virando!
Eu meio que no efeito eight
Apenas disse:
Virando
E mais nada!
Ficamos gratos aos que vinham com o outro carro
Juliano, Claudia, Reis e,
Edenice.
Assim...
Resisti ao tempo
E caminhando nele
E sempre
Com uma força maior...

A MORTE DE HELHINHO

"QUE IMPORTA"

(...) 
'Este segredo só tem importância para mim, 
e palavra alguma o poderia explicar.'

Lendo aqui em poucas letras
A morte de um amigo
Que se confunde com a história de Cipó,
Por ser um eterno passante
Pelas ruas que andei...Ando!
E todos circulam
No cotidiano do se fazer algo
em cada leitura do imaginário...
Do instante de agora.

Vejo que Helhinho faleceu
Muitos da época
Lhe interpretavam como Harry.
Comigo não foi diferente
Otoney deu a ideia e jovens que éramos
Seguimos o compasso de assim chamar:
O Lobo da Estepe.

Ranieri em nome de muitos outros
Seguiu esse passo

Helhinho foi assim...
Seu mundo e sua solidão
Circulando quase em si mesmo.

Uma vez ainda adolescente
Um menina mulher e amiga
naquela época
Mostrou-me uma carta
Guardada, dado a poesia encantadora
Que Helhinho escrevera para ela.

Concentrei-me numa parte da carta
Que Helhinho escreveu para ela...
"E você que não desejou dançar comigo
No salão que se respirava romantismo
Afirmando que não sabia dançar
Meio confuso não consegui lhe dizer
Que bastavam dois passos pra lá
Dois passos pra cá
E tudo se misturava em nós dois..."

Assim era Helhinho
O mesmo que era filho de seu João de Carrinho
E Dona Ana (Donona)
Irmão de Margarida.
Numa devoção ímpar
Irmão de Nid, de Itamar
De Zé e de Carlinhos...
Esse, que um dia se foi, enforcado,
Com a Bíblia ao lado.

A frase abaixo é de Marx,
Repetidas vezes por ele
Fez entrar em meu pensamento:
"A história se repete,
a primeira vez como tragédia
e a segunda como farsa"

Quando bem falava
Mesmo em voz ainda se iniciando trêmula
Fazia exposição de suas visões
A mais repetida:
"...estava andando numa estrada deserta e um carro parou.
De um empurrão vindo de dentro, terminou por me jogar num barranco..."

Navio Negreiro fiz questão de decorar
Nunca me sai da mente
E ele também tinha em mente.

Quando se apresentava frente a mim
E muitos outros
O fragmento também de Castro Alves.
"Eu sou como a garça triste
Que mora à beira do rio,
As orvalhadas da noite
Me fazem tremer de frio."
Chegava como se fosse uma oração

Tolstoi, Dostoiévski, Gorki
Helhinho: bom viajante da cultura russa
Na frieza de suas estepes
Nada mais, nada menos...
Autores que bem falava
Meu texto seria pequeno
Teria apenas uma frase:
QUE IMPORTA!
Pronto! É a frase
QUE IMPORTA!
Pediu um dia que sobre seu túmulo
Fosse gravada essa frase:
"QUE IMPORTA!"

Dizia sempre que a frase,
Extraíra do fragmento de Anna Karenina, Tolstoi:

"Que importa!
A minha vida não estará mais à mercê dos acontecimentos,
cada minuto da minha vida terá um sentido incontestável.
Agora possuirá o sentido indubitável do bem que eu sou capaz de difundir!''

Descanse em paz, Harry, Garça Errante, Lobo da Estepe...
Helhinho

CALDAS DE CIPÓ OU CIPÓ

Caldas de Cipó de fato ou Cipó de direito, bonita de qualquer forma porque tem seu próprio jeito, aparece numa possível nova dinâmica com Glaydston, Secretário de Turismo, Esporte, Cultura e Lazer. 

Do período de Caldas de Cipó, águas cristalinas, passando pela construção de uma nova história, até chegar a águas de um novo tempo, muitas coisas surgiram além da thermolatria. O movimento quilombola, o advento dos CRAS como alternativas sócio inclusivas, a cultura ribeirinha do Itapicuru com suas variações de samba de roda, os campos de pesquisas universitárias em torno da arquitetura modernista reconhecida pelo IPHAN, as conferências e fóruns de debates, o cenário cipoense como subconjunto do Território de Identidade Semi Árido Nordeste II e Zona Turística do Sertão, novos professores com reflexões essenciais à interação com alunados mais crítcos, as redes sociais como pontos de críticas ora solidárias, ora ofensivas, são ferramentas capazes de se quebrar paradigmas e proporcionarem confluências para novas mentalidades. Deixar de lado o eu sou eu dos tempos das águas cristalinas; o só eu posso, dos tempos da construção de uma nova história e o nós somos os olhos e os ouvidos da gestão vigente, faz-se necessário, numa ideia de participação popular daquilo que temos ao que queremos na síntese de que o solidário não quer solidão...

IMPRESSÕES DO OLHAR

Pegando o gancho de um filósofo iluminista: "Nada existe! O que existe é a nossa impressão..."

Percebo que o olhar e a leitura das coisas são interessantes...

Não estou falando de uma leitura musical que diz sempre que a água com areia, brigam na beira do mar, a água passa areia fica no lugar...

Nem do que mais gosto de fazer na tarde de quando chego é chamar Lucinha e vice versa, mirar a reta que separa o barulho das ondas de casa e madornar o penúltimo sono do dia na beira do mar com um único mergulho de onda na quase fuga do sol que já se vai entre as palhas dos coqueiros.

Acontece que pude sentir de longe a irresponsabilidade de um casal com o filho em altas ondas.
De longe não enxergava outra coisa, senão a tão adrenalina da embriaguez dos gestos e o menino subindo e descendo nas ondas que chegavam no estilo de preamar.

Como tinha que ir em direção ao único mergulho pra tirar a areia que já se faz como algo cultural, aproximei-me do casal e o filho. Perto e bem perto, pude ouvir as vozes alegres entre eles nas brincadeiras do vai Tiaguinho, olhe a onda Thiaguinho, muito bem Tiaguinho e assim, Tiaguinho correspondia com a alegria e diversão de uma criança se sentindo feliz pelos bons gestos da mãe e do pai.

Pegando o gancho de um filósofo iluminista: "Nada existe! O que existe é a nossa impressão..."

UMA VIAGEM PELA CALÇADA NUM IMAGINÁRIO DE TREM

Em linhas paralelas de onde sai meu pensamento
Enquanto pego os pedágios da vida
Vou entendendo que vou a Cipó...

Chegarei ali na Calçada
Estação de trem
Pegarei o vagão do meio
Passarei por Paripe, São tomé, Mapele, Lamarão...
E viajarei por duas horas até Alagoinhas
De lá seguirei em Marinetti, BR-110.
E o hotel já aparece com seu cucurute de longe
Sinal de que chegarei

Mesmo que a viagem não seja assim
É minha a imaginação
E os eis do futuro
Pegarei, passarei, viajarei, seguirei, chegarei...
Remonta um passado
Numa ideia de que quem manda
Marcelo Camelo falar:
"Como pode alguém sonhar com o que é impossível saber..."

CRIANÇAS INQUIETAS

Criança gosta de correr. 
Compre ali Clara um algodão doce. 
E lá vai Clara correndo e lá vem Clara correndo.
E encontra uma outra criança no caminho.
E lá se vão os dois correndo 
E lá se vem os dois correndo.
Um que observa mira um outro ponto
Que nem está no texto
E corre pra lá e pra cá
Parece um eterno processo de busca
Por algo que se cria na hora.
E noutros pontos passa um correndo aqui
Outro a mãe segurando a mão acolá pra não correr.
A queda é questão de tempo.
E se chora ou não,
A vergonha é quem dá o tom.

RETALHOS DE CIPÓ

CIPÓ EM RETALHOS, VERSOS E ALFARRÁBIOS
2 de outubro de 2011

E tem mais!

Maria Doida...
Miuda...
Sete Roupas...
Caboquinho da Rebeca...
Jajá...
Zé Doido...
Todos morreram...
Deixaram suas histórias!

Quer mais?

O Gordo...
Seu Clemildo...
Seu Nelito...
Meu pai...
Seu Martins...
Pró Zelita...
todos morreram...
Deixaram lindas histórias!

Não posso esquecer...

Grande Hotel...
Radium Hotel...
Balneário...
Fonte Luminosa...
Todos morreram...
Deixaram suas histórias!

Vivinho da Silva?
Cupim x Morcego
Disse me disse
Poder no Poder
Saudades...
Todos viventes...
Eterna história!
Noure Cruz

THERMAS, THERMAS, THERMAL, BANHO

A foto é de três antonte...
Mas, ontem estava num bom banho,
E em minha frente, Georgina Erismann postada com sua poesia:
Thermas, thermas.

Lia, enquanto se ouvia o barulhumiúsic
No gingado da microfonia de dois sons em disputa:
Bar da Cascata e Puerto Madero
Uma quase dezena de pessoas passava em saudação

Eaê Lourius...Curtindo o banho?
Sim...Bora?

Não! A cidade se acabou seu Lourius

Mas, o banho é bom...Bora?

Eu não seu Lourius. Tá quente

Chega outro
Eaê Noure...Curtindo o banho?
E tem coisa melhor? Bora?

Não! Vou tomar uma pra aliviar o juízo.
Chega outro
Diz Odara! Um banhin né?

Claro...Coisa boa! Bora?

Nada! Tomei banho nestante em casa

E mais e mais outro...
Eaê banho bom.

Com certeza...Vamos?

Pra onde rapaz? Tá doido!
Já tô com sono.
Quer acabar de me matar?

Não olhei mais saudações
Pelo instante de fazer a água da cascata cair sobre as costas...

MININO...

Minino! 

Feijão Fest
Cipó fest
Santo Reis Fest
Chupacabra Fest
Kiriri Fest
Sátiro Fest
Olindin Fest
Baila de Festim

E Wilson Aragão ainda com a ladainha de que hoje o pissuá já tá se acivilizando
com o umbigo de fora etc coisitá.

Abriozoiomatuto!

RECEITA DE SANTOS REIS CIPÓ

QUER FAZER UM SANTO REI?

O Dia de Santos Reis,
Tem que ter pessoas contentes
Mesmo que estejam tristes
Devem arreganhar os dentes

As imagens dizem tudo
Os ingredientes que se deve ter
Seguindo no passo a passo
Pra se fazer acontecer

Tem que ter um bom fotógrafo
Foguetório pra acordar
Equipe bem misturada
Para todos agradar

Reis tem que ter coreto
Zabumbeiros em caminhada
Menino fazendo barulho
O de sempre? Mingauzada!

A reza é necessária
Batizado que nem se fala
Roupas de todo tipo
Tradição não se abala

O texto se faz presente
Nas imagens que copiei
O Reis se faz bem completo
E mais coisa eu citarei

O jogo é natural
Casados e solteiros em tradição
Imagine o bom reisado
É o compasso é a marcação

Este ano senti foi falta
Dos Cantores da Várzea Grande
Eles já estão na história
Próximo ano se garante

E a linda cantoria?
Poesia de coração que muito atura
Canta, fala, dialoga
Fim de uma etapa de boa cultura...

Bem mais tarde o boi bumbá
Nada! É bunzunfa a requebrar
Pagode, sertaneja, quebradeira
É festa de arrochar

É claro que ainda falta coisa
É a multidão de gente contente
Vem de todas as freguesias
Que se junta aos residentes

Parque infantil mistura com bebidas
pau de rato, cerveja, guaraná
Churrasco, pipoca, quissuco
E baralhos pra se jogar

Tem que ter a alegria
Dos vizinhos morador
Uma casa com comitê
E político orador

Ao final de tudo isso
Santos reis da Abundância
Alguém tem que trabalhar
Viva a nossa ambulância

Então viu como é fácil o dia 6?
Em Nossa Caldas de Cipó!
Agora é pegar o embalo
E seguir o refrão de uma nota só
Na ideia, na pergunta
Será que vai ficar mió...Ou pió?

Nada contra...

Confesso que não tenho nada contra
E assim como o sol nasce pra todos
Todos os toques são bem aceitos
Mas, letras assim:

"CORAÇÃO DE PIRIGUETE BATE DENTRO DA PEREREQUINHA QUANDO FAZ TUM TUM ♥♪
ELA QUER A MINHA, ELA QUER , ELA QUER , ELA QUER A MINHA MÃO PRA DAR UM TAPINHA ♫"

Numa festa de todas as cores, todas as mentes, todos os pontos, de todas as crianças, de todos os costumes...
Na ideia de que estamos indo na contra direção dos tempos de agora...

É de se pensar: como estamos e para onde vamos...

UMA REFLEXÃO

Se de Itapuã via Cabo Verde.
Caimmi via Evora
Disse que é doce morrer no mar...
Nos complementos de Marisa Monte

E do alto do Engenho Velho de Brotas Castro Alves escreveu
As luzernas avermelham o brilho
Em sangue a se banhar.

Na ideia de isto ou aquilo:

Uma reflexão!

É ISSO AI GENTE AMIGA...

Como dizia meu amigo Sandorval...
É isso aí gente amiga!

Nem lembrava
Ano de eleição...
É ano de jogo de bola 
Com premiação em carneiros 
E caixa de cerveja.

Apoio Zé de João do Finado Tonho de Val.
O amigo legal

SEMPRE BOM PASSAR PRO ITAPUÃ



(...)
E acordar cedo
Nem olhar pro carro
Não vejo Bruno que já se foi
Nem Lucinha que está chegando
Breno que nem tá por aqui... Assim
Já na rua seguindo em direção ao trabalho
Num percurso quase e sem engarrafamentos
Numa distancia de três ruas com nomes tranquilos
Lentamente a Tales de Azevedo, Vinicius de Moraes, Dorival Caimmi
Nomes de boas leituras, prosas, canções e poesias
Sem contar com as ruas transversais
Que do coletivo quase que vazio
Tranquiliza o meu olhar
Rua das Sete Casas
Rua da Poesia
Dos Versos
Do Poema
As Dunas!
Desci...
ADAB
Que nem cabe na poesia e como bem disse seu Clarindo da Várzea Grande... Faz parte!

RECEITA DE UMA CULTURA ODARA

Assim, em forma de acróstico...

RECEITA DE UMA CULTURA ODARA...

Vá em Ludovico, Zé verde, Quito
Ouça o canto dos gaiteiros
Compreenda que precisam de novas gerações
Escreva um bom projeto

Pegue a turma de seu mundo cultural
Reveja os caminhos de Zabé da Loca
Espie a sensibilidade de si próprio
Caminhe em direção aos patrocinadores
Imagine que as crianças são potenciais
Selecione canos e canos de PVC meia polegada
Ensine sob o olhar dos gaiteiros a se fazer as gaitas.

Agora é só marcar as aulas
Junte os professores: Ludovico, Zé Verde e Seu Quito
Una as escolas na Jornada Pedagógica
Demonstre que a cultura de raiz
Aumenta o orgulho de sermos solidários
Remando sobre os rios da satisfação.

MUNDO DAS IMPRESSÕES

Como diz Confraria Giramundo...

"Abru zóio matuto"

Ricardo Insinua Luiza e Bahia
Lojas do mesmo saco
Tem dois anos que torra tudo
Torra, torra
Pra valer
Baixou tudo
Sem concorrência.
Baixe lá que baixaqui
E o preço é o mesmo.

FEIRA DE CIPÓ

Uma feira é mais em conta

Não se iluda com os outlets, 
Preço de roupa? Caro que só!
Shopping nem se fala, 
Imagine um bom brechó
Tá vendo aquela roupa chique? 
É da feira de Cipó!
E a sombra que se usa?
É arroz que se faz pó
Barracas da Boa Hora,
Não vendem uma coisa só
A noite luzes dão o brilho
Não pode cair toró
Com uma cidade de oito festas
O dia de quarta, é o melhor.

Seu Neo Nos Deixou e é sempre Novo

Seu Neo nos deixou...

Poucos são os que passam ou passavam pela rua do asfalto e não olhavam seu Neo sentado em seu alpendre, em Cipó. Um pouco lá no tempo passado recente, Dona Mariana sua esposa, também estava por lá. Seu Meré, seu genro, também que um dia nos deixou, também esteve lá e Aparecida, Xuxu que foi minha aluna, também sentou no bom alpendre que muitos e muitos cipoenses sentavam e sentam, esperando o ônibus parar. Principalmente o que retorna depois do meio dia como era chamado que sai de Cipó a Salvador.

Seu Neo era dono de uma risada que se prolongava por alguns bons segundos e sua sinceridade em dizer a todos os horários dos ônibus e, se passou ou não, era marca registrada. Na dama, seus cálculos do senso comum matemático eram previsíveis para lá na frente comer três, quatro pedras, dá uma costela ou porco e a risada ecoar mais forte ainda. Aliás, acredito ser a rua que mais se teve destaque a dama como jogo essencial ao passatempo. A ligação da Rua do Asfalto com a Salgadeira, hei de se destacar o famoso Elias-cerqueira Dias, seu Chico das havaianas, Seu Zeca de Dona Zefinha, Seu marinho, além de outros.

Faço textos assim para se registrar uma leitura de alguém que fez história como seu Neo. Neo sempre novo com seu relógio que não deixava mais de dez minutos sem olhar, coincidia com o avistar do ônibus já na primeira vista que se era possível ali pela Escola Getúlio Vargas e assim, ele via passageiros subir, sabendo que a solidariedade era comum em seu bom papel de morador próximo ao ponto de ônibus.

Privilégio que tivemos em morar por duas vezes bem próximo a seu Neo, onde hoje é a oficina de Lando e ao lado da casa de seu Meré. Meus irmãos ao lado dos netos de seu Neo e outras vizinhanças, sempre tiveram bom respeito pelos mais velhos e, com seu neo não era diferente. Assim, Seu Neo nos deixou numa idade privilegiada e que muito desejamos chegar até o tempo de Seu neo e sua linda história que se fez em família e vendo todos os passantes da rua do Jorro em direção ao centro de Cipó e dos viajantes que passavam próximos ao seu alpendre, às suas vistas, à sua história. Descanse em paz, seu Neo.