21 de novembro de 2009

DIÁRIO DE MEU OLHAR Nº 03 - COISAS DE MINHA TERRA


O diário de meu olhar de hoje, registra o dia 20 de Novembro de 2007, numa viagem que organizei com o parceiro Walter (meu irmão), em direção a Cabussú, entre Santo Amaro da Purificação e Cachoeira. Até aí tudo bem e o interessante estava no sentido de que foram dois ônibus cedidos pela Petrobrás, levando 100 afro-descendentes mesclados entre Várzea Grande, Caboge e Rua do Jorro e, mais interessante ainda era que 90% dos viajantes em direção ao litoral, nunca tinham visto o mar de perto.
A viagem foi satisfatória, exceto a quantidade de vômitos oriundos de pessoas não acostumadas a viagens. Não obstante, chegamos ao paraíso, curtimos cada gota do oceano e cada grão de areia da praia e a cada mergulho o grito assustado pela água salgada e o "mundão" d'água, dava a impressão de que a alegria de cada quilombola entrava em êxtase.
Fim de tarde e o retorno fazia-se necessário e, na saída da cidade de Santo Amaro, paramos em um bar para molhar a garganta com água e não mais que de repente, pude observar a afrodescendente Bel que teria levado seu marido Lino a tiracolo, deixando Coquinho seu outro parceiro a ver navios, procurar desesperadamente algo de lembrança que marcasse a viagem. Pensou comprar qualquer coisa que simbolizasse o retorno para chegar em casa venerando a lembrança. Pensou, pensou e o resultado foi a compra de meia dúzia de ovos de granja, acrescentando de imediato: - como achei meu presente, posso agora viajar com tranquilidade.
Assim terminou a viagem e a chegada a comunidade, representou a satisfação plena de todos pelo dia e que são tempos que não voltam mais.

Por Noure Cruz

11 de novembro de 2009

PROJETO BOAS PRÁTICAS

- Noure em sua residência e Servidoras da defensoria Pública estadual, a serviço da SAEB, fazendo pesquisa sobre o projeto Boas Práticas


Companheir@s e Simpatizantes:



No próximo dia 17 de novembro, dois eventos possuem uma determinada sintonia com as atividades de Noure Cruz, representados aqui, uma com relação direta do Técnico em Fiscalização e a outra na condição de cidadão solidário, ambos marcados pela espontaneidade no exercício das atividades.



Pela manhã, será em Salvador às 09 horas no auditório da Fundação Luis Eduardo Magalhães. Noure Cruz foi escolhido com outros nove servidores públicos do estado da bahia, no projeto Boas Práticas, desenvolvido pela SAEB. O servidor apresentou seu trabalho em forma de cordel, com conteudos referentes às atividades que exercem na ADAB, Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia, destacando palestras no escritório local, abrindo as portas para estudantes, além de um belíssimo trabalho com os

servidores colegas de sua coordenadoria (Ribeira do Pombal) sobre o SIDAGRO. Como é um projeto que ainda será anunciado o vencedor entre os dez escolhidos, faz-se necessário a presença dos colegas técnicos e simpatizantes de suas atividades no local do evento.

A noite, como cidadão, estará participando de uma sessão solene na Câmara Municipal de Vereadores de Cipó, sendo a sessão articulada por Noure Cruz, que entre falas, reflexões, solicitações e geração de documentos para as comunidades quilombolas sintonizadas com suas causas, estará apresentando o grupo de artes integradas anônimos que apresentará um recital acompanhado de vídeo sobre a Consciência Negra e breves reflexões a partir de frases de heróis negros e poesias.



Seja também um solidário, lembrando que temos muito a fazer e cada um se define não pelo que faz por obrigação, mas pelo que faz livremente, espontaneamente, além da obrigação e fora de qualquer obrigação.



Por: Noure Cruz

Diário de meu olhar - nº 04 - Coisas de minha terra!

O Diário do meu olhar, viaja em direção ao final da década de 70 e encontra minha bisavó de nome Carrôla, minha vó Mariquinha, meu pai Nivaldo e Paulo Cupan, afro-descendente de pia. Ainda menino pude fazer companhia a este grupo numa pescaria e estava esquecendo de João Bosó, filho de Paulo Cupan. Começa a pescaria no riacho do Rio Quente e lá na parte intermediária, acontece que em uma das colocadas de mão nas tocas e, após o aió já está abarrotado de peixes, entre eles, mandi, acarí, aratanha e afins, sim continuando e , após seu Paulo Cupan colocar a mão na toca trazendo dois ou três mandís entre os dedos, acontece que um deles, com esporão afiado, crava na mão de seu Paulo e o grito ecoa por todas as áreas ribeirinhas. A dor infernal e o apelo para que seu filho mijasse urgente no local da ferroada. Gritava: -Mija aqui, João! Respondia: - Pai, tô sem vontade! Não deu outra: de um tapa dado por seu Paulo em João, o mijo saiu da bilota como é conhecida entre os quilombolas e imediatamente seu Paulo suavizou a feição com o calor do mijo despejado pela mão da ferroada. Morreu seu Paulo Cupan com o tempo, não pela ferroada, mas ficou esta história em minha mente e a saudade de tempos que não voltam mais.

7 de novembro de 2009

Sócio-educação


Aconteceu ontem às 18 horas, no espaço alternativo da Escola Professora Zelita, o encontro dos pais, mestres e alunos e o grupo de artes integradas, ?ANÔNIMOS?, formado por Lua, Noite, Kayrom, Pierrô, Colombina, Polly, Quinca e Capitu. Além de apresentar o reflexivo recital de poesia, falou e muito bem sobre a importância da família nas escolas. A partir de um caso do palestrante Noure (Noite), que quase seria preso em Piatã, município da Chapada Diamantina, quase passando pelo papa-fígado muito comum naquela época e amedrontava as crianças. Justificou que fatos como estes e que estão acontecendo em Cipó, com depoimentos de pessoas que dizem ter pessoas roubando crianças para arrancar órgãos humanos, fazem aumentar a reaproximação da família e ao mesmo tempo repensar que todos devem cuidar melhor dos seus pares e a interação constante entre todos nas escolas, no lar e em locais públicos, garantem a socialização da cidadania.


"Para relaxar na solidão", um pouco de Cecília Meireles em sua poesia Encomenda. A poesia, até que começa com uma sensação de alegria, não obstante, o que se observa é a característica básica:...

ENCOMENDA

DESEJO UMA FOTOGRAFIA.
COMO ESTA, O SENHOR VÊ, COMO ESTA.
EM QUE PARA SEMPRE ME RIA.
COMO VESTIDO DE ETERNA FESTA.

COMO MINHA TESTA É SOMBRIA.
DERRAME LUZ NA MINHA TESTA.
DEIXE ESTA RUGA QUE ME EMPRESTA.
UM CERTO AR DE SABEDORIA.

NÃO META FUNDO DE PAISAGENS.
NEM ARBITRÁRIAS FANTASIA.
NÃO! NESTE ESPAÇO QUE AINDA RESTA.
PONHA UMA CADEIRA VAZIA.

Diário de meu olhar - nº 05 - Coisas de minha terra!


O que vem hoje para o meu diário mental, remonta o período de glórias do Grupo Odara, quando na condição de presidente, sempre estava a fazer da criatividade algo de prazeroso. Década de 80 e nosso grupo não se limitava a Cipó. destaque para apresentação em Serrinha. Não a apresentação propriamente dita da peça Os Prefeituráveis, mas dos bastidores, melhor chamado hoje de making off. Mal terminava um fato engraçado e já estaria outro em cena. Só nesta viagem vou citar três rapidinhas para não ficar a leitura demasiadamente cansativa:
Fato I- Nezinho do Amor, nosso motorista já ficava de prontidão no teatro para assistir a nossa apresentação. Entrava no começo, nas entranhas da platéia e ficava lá. Nossa apresentação não era no início nem ao final, mas Nezinho ficava e não entendia. Como tinha pouca visão, achava que todas as quatro ou cinco apresentações eram nossas. Terminávamos e esperar Nezinho na Kombi era natural. Quando todos saíam do auditório, entrávamos e, lá estava Nezinho do amor em sono nirvana.
Fato II- O próprio Nezinho de poucas leituras, não conhecendo bem as rodovias e placas, nosso jeito moleque transmitia brincadeiras. A viagem natural em direção a Cipó, fazia valer a viagem no sentido contrário. Por exemplo: Ele estava confuso sobre o caminho de Cipó e eu lí na placa uma falsa leitura: Cipó a 80 Km. Não deu outra, acelera Nezinho e com garantia chega a Santa Bárbara, cidade oposta ao destino, ficando zangado e tendo que retornar com maiores chateações, mas se registrou em meu diário mental e serve de boas recordações.
Fato III- No mesmo dia, na apresentação teatral, em seu término, estaríamos vivendo um pouco a festa cultural na praça e pelo que comemos, aconteceu que Erleide deu uma dor de barriga e o muro mais baixo coincidiu com um rol de uma luxuosa casa e as necessidades fisiológicas fizeram-se necessárias e triste do rol, da casa e da planta que serviu de papel higiênico, sendo o resultado motivo de satisfgação de nossas andanças pelo mundo do teatro.

3 de novembro de 2009

DIÁRIO DO MEU OLHAR - Nº 06 - COISAS DE MINHA TERRA.


Meu olhar no diário mental de hoje, tem como referência a zabumba de seu Zezú. Em 1997, houve comemoração extraordinária pela guerra contra Canudos. O Iegs, colégio sob minha responsabilidade em Cipó Bahia, preparou todos os seus alunos para neste dia ir em direção a Bendengó objetivando entender de perto o Centenário de canudos e as contribuições para a história da humanidade. Pude vê até uma faixa sintetizadora: "Pur ele num avia mal no mundo. Mataram ele e a disgraceira aí está." Sobre Conselheiro. Não obstante, o que entra em cena é seu Zezú que com o grupo formado por mais três pessoas e um reserva, viajou com o colégio para Canudos e antes de viajar eu perguntei: Seu Zezú, cadê as roupas, não vai levar? -Vou não meu filho, só vamos quatro dias lá. Mais importante ainda foi que as gorjetas que o grupo ganhou dos estudantes de todo país que estavam presentes foi suficiente para deixá-lo alegre e motivado para na semana seguinte visitar a festa de Monte Santo o que não foi feliz, dado que quase foi preso por não ter arrecadado dinheiro para pagar a passagem do ônibus, durante esta outra festa religiosa. Morreu seu Zezú e deixou muitos tocadores continuando com as belas histórias da zabumba.

DIÁRIO DO MEU OLHAR - Nº 07 - COISAS DE MINHA TERRA.


Meu olhar em direção ao diário mental hoje, levanta um texto sobre uma negra que descia todos os dias da Rua do jorro, quilombola reconhecido pelo MINC. Conhecida pelos populares de Caldas de Cipó como "Maria Doida", passava todos os dias cantando "Ô DÍ, Ô DÍ, O SEU CABOCO QUI PASSOU PURAQUI."
Eu morava próximo a borracharia, onde hoje se encontra a oficina do Lando e lá pelas quatro da madrugada, a zuada do ônibus que vinha de Pombal, era antecedida com o canto de "Maria doida" que virou figura folclórica pouco lembrada pela juventude atual, mas com este registro, pode ser inserida no contexto das histórias de Cipó.
Maria Doida morreu afogada no Rio Itapicuru durante uma enchente, já que era seu hobbie, praticar estes banhos completamente nua, recebendo o respeito de populares, dado a sua situação de vulnerabilidade. Esta lembrança, reflete o mês da Consciência Negra.

1 de novembro de 2009

NOURE (IN)DICA AFROLENDAS - Nº 10


O HOMEM DE OXALUFAN
Sentimental, amoroso, carinhoso e muito sensual; assim é o homem de Oxalá. Com todas estas qualidades, é natural que as mulheres se interessem por ele, que, de quebra, costuma ter uma bela aparência física. E o que é melhor, tem um ótimo papo. Rei das festas e reuniões sociais, ele costuma escolher mulheres de corpo bonito, mas principalmente inteligentes e dinâmicas. Só que jamais revela o interesse pela pessoa que o atrai. Para conquista-lo é necessário levar em conta essas dicas e não desanimar. Ele vale a pena. Também, porque sonha com uma mulher fértil que lhe dê filhos, brindará sua amada com uma vida sexual variada, cheia de climas, que realiza com criatividade e carinho. A MULHER DE OXALUFAN
É a mulher ideal para qualquer homem: preocupa-se com ele, quer agradar e faz tudo para ajudá-lo a se projetar na vida. Não tem vergonha de dizer que ama, desde que realmente ame. A filha de Oxalá é rigorosamente sincera em tudo o que faz. Só que é tímida, o que significa que jamais disputará um homem com outra mulher, e nunca demonstrará abertamente o seu interesse por alguém. Talvez, por causa desta sua forma retraída de ser, chama a atenção dos homens mas se interessa apenas por aquele que for amável, romântico e um perfeito cavalheiro. Este se surpreenderá com sua sensualidade depois que ele tomar a iniciativa e poderá ficar seguro quanto à sua fidelidade: a mulher de Oxalá não é nem um pouco volùvel.