28 de janeiro de 2013

Poesias de Cipó, Retalhos e Alfarrábios dos tempos de Facebook - Noure




Sim...
Se seu Zé Verde, devoto de Santa Luzia e bom cego que me enxerga de longe com bela gaita em assovio
Se Zé Pavão' nunca passa pela rua da Usina, supersticioso que é
Se Dona Jacinta jurava ter visto a besta fera saindo de uma pedra na rua da Salgadeira
Se seu Zezu afirmou que não levaria roupa por só passar cinco dias
Se vó Carrola gritava do alpendre, oh minino vem logo dormir, diabistarabati
Se Zé Bonitinho pode ser que não
Se João Bonito pode ser que sim
Se João Gordurinha é magro
Se Jaleu é de poucos estudos
Se Tampinha muito vendeu folha de feijão a Helhinho como se fosse maconha...
Então...
Cada ítem uma poesia
No dia dos bons poetas
Assim...vamos recitar
Nourius


NOURE DA ERMITA DO NIVALDO SÓ TEM UM...

Estou em Caldas de Cipó de fato
Ou cipó de direito
É bonita de qualquer forma
Porque tem seu próprio jeito.
Antes de chegar
Dentro do carro 
Os filhos viajantes
Já cantavam o refrão
Da rua pós ponte de Cipó
Eu não passo pela Rua da Usina
E não deu outra:
Passei por lá
E desafiei seu autor:
Zé Pavão.
Logo, logo quem eu vi primeiro:
Zé da Rua...Nunca envelhece. 
Eu menino, ele adulto
Eu adulto, ele criança.
O tempo passa em mim
E ele se esconde no tempo. 
Assim vejo Zé da Rua.
Parei e vi Zé do Clube
Entende toda política local
De seu bar, nascem fofocas
Criam candidatos
E sua encarnação
Como bom morcego
Contraria qualquer cupim.
Mal falo das tendências para a eleição 2012
Já se mostra arrepiado
A bebum pergunta: - com frio Zé do Clube?
- Não! É o morcego!
Só entende quem é de Cipó.
Sigo caminho, despedindo de Aventurado
Vaner amigo que é.
Que pergunto por Marcos de Matilde
E a ex equipe de trabalho
Qual chamava de DOUTOR FEVRAVAMANO
Fernando, Francimar, Vaner, Marcos, Noure.
Todos tinham medo
Pelo serviço de inspeção de carnes
Principalmente Zé do Açougue
Zelitinho
Zelitão
Zelito
Zé do Buri
Zé do Amari.
Passo por Zé de Lió
E não vejo a pirotecnia vendida 
Em girândolas e pistolões
Sigo adiante e não vejo também
Zé Bonitinho sentado
Nas frentes de Dona Louva
Adiante Zé Macedo
Macedo foi prefeito
Mais tarde, orgulho do filho Macedo...
Também prefeito na hereditariedade familiar.
No Pau Ferro vejo Zé de Dudé
Tão bom cantor,
Tão bom jogador
Saudosista em história
No bar de Janeiro
Que tem parentes no Tereza batista Pelourinho
E cerveja me vendem pelo preço de custo
Onde Longnets, se vendem por seis.
De Zé em Zé...
Passo por Zé da Rola,
Zé Grande,
Zé de Zefa
E Zé...
Até Zé Antonio
Jovem amigo de meu filho.
Vi Zezinho... Sempre sob os tamarineiros
Ouvindo o você já soube.
E só não vi Zelão
Por morar além Zé Cupan
E pelo tempo que Cipó me tem
E preciso retornar.
retornarei ouvindo
O poema José
Na voz de Paulo Diniz
Assim...
Nem sei o porquê das lágrimas.
Nem eu...
Nem Zé!
Nourius


CIPÓ EM RETALHOS
LEMBRANÇAS DAS COSTURAÇÕES
E POUCO SE TEM NOTÍCIAS
DE CADA ALINHAVAÇÃO.
SEMANA QUE SE FOI ONTEM
NAS TERRAS DE SALVADOR
BAINHA QUE FUI FAZER
CUSTA DOZE MEU SENHOR.
A REALIDADE É QUE DO REAL
BATE UMA SAUDADE MATERNAL
COSTUREIRAS DIA DE FESTA
MÃE NA MÁQUINA NATURAL
DONA ADACY, TONHO CALÇOLA, 
AGRIPINO, DONA LOUVA, DAL.
PROCURA MAIOR QUE OFERTA
CARNAVAL, SÃO JOÃO, NATAL
ROUPAS SE ERAM MUITAS
COM RETALHOS À SIDNEY MAGAL. UAU!
CERTA VEZ FIZ UM DESFILE
OS CANTORES?
ROBERTO MENDES, JORGE PORTUGAL !
NA ÁREA DO COFFEE SHOP
FEZ-SE NOITE TROPICAL
VESTIDO DE NOIVAS,
CAMISOLAS, SAIAS, BLUSÃO
MANEQUIM MAIS DE SESSENTA
GORDAS, MAGRAS, MUITA OPÇÃO
GLADSTON E KÁTIA BRITO
BEM MAIS DO QUE EU
DESIGNE DE ARRUMAÇÃO
ABACAXIROSCAS NO ABACAXI
INAUGURAVAM BEBIDAS ASSIM.
SÃO LEMBRANÇAS DE MINHA CABEÇA
NAS HISTÓRIAS DO EUDIMIM
BOM QUE SE REGISTRA COMO RETALHO
DE UMA REALIDADE EM EXTINÇÃO
HOJE QUALQUER ESQUINA
ROUPA O QUILO É PROMOÇÃO
DEIXO ATÉ UMA LEMBRANÇA
UMA CAMISA MÃE FEZ LIGEIRO
A MANGA SÓ ALINHAVAÇÃO
DA DANÇA DO PEGAR NA MÃO
LÁ SE FOI MANGA!!!!
OU...MANGAÇÃO!
MAS, DOS RETALHOS, BOA LEMBRANÇAS
BOM TEMPO DE UNIÃO.
Noure Cruz Nourius


...Será jogo de vaidades? 

O amigo diz...
O ideal seria uma composição em que os interesses a serem levados ao ápice fossem os interesses coletivos, não é?

Eu respondo: 
Acho que o coletivo de lá parte de uma lógica do individualismo sem interesses coletivos.

O amigo diz...
Um município como Cipó com uma vocação natural pro turismo e um gigante branco se perdendo no tempo sem o devido uso de sua estrutura! 
Dá pena de ver tanto descaso, das três esferas de governo!!!!

Eu respondo:
O gigante branco já nasceu assim e, aliás, foi quem desmoronou a cidade, motivando a saida dos Salles, que investiram pesado na cidade e na estação de 21 dias nos banhos thermo-medicinais. 
As águas thermais servem apenas para o orgulho dos cipoenses que nem banho tomam em suas thermas. A piscina de águas curativas parece um cemitério noturno...
A Cascata serve apenas na maioria das vezes, para cura da ressaca após alto teor etílico no sangue.

Artigo da boa irmã Iolanda Cruz que mora em Sampa e que parte do que se pesquisou sobre afrodescendência, em muito foi fruto de minhas idas e vindas a Brasília em diálogos com Dr. Ubiratan Castro de Araújo na Fundação Palmares e suas idas em direção às comunidades do Caboge, Várzea Grande e Rua do Jorro- Cipó bahia

ENTRE AS ÁGUAS E OS QUILOMBOLAS: A IDENTIDADE CULTURAL DE CIPÓ, BAHIA, DE
1700 A 2006
Iolanda Cruz Teles

Quer saber o conteudo do Artigo? Acesse:http://smarcos.br/paulinia/pesquisaemdebate/especial/artigo_28.pdf

Noure Cruz
http://smarcos.br/paulinia/pesquisaemdebate/especial/artigo_28.pdf
smarcos.br


RIMAS PERFEITAS

Ainda bem que o Modernismo
Deixou a gente sem métrica
A rima obrigatória
Passou a ser vista até tétrica.
Uma das pessoas que mais seguiu vanguarda
Ainda mora em Cipó
É seu Zelito dos Cocos
Gestão Gerson era podador
Figueiras tão bem podadas
Só era ruim se dá olhada
"Alassardinha impistiava"
Aporrinhava nossa visão
E dia 07 de setembro
Pessoas de amarelo
Atraíam até os olhos
Bichinho da ardidão.

Cada rima um sucesso
Veja bem esta daqui:
"Lá vem a lua saindo
Branquinha como leite...
Se coalhar eu como!"

Ou uma mais outra:
"Lá vem a lua saindo
Por detrás da bananeira
Não é lua não é nada
É Itinha meu amor chegando
Para fazer café..
Corre Itinha!"
Assim ia e vinha
Distribuindo simpatia
Importancia: vender o coco
Na base da poesia
Com rima ou sem rima
Na cabeça o que se tinha
Modernismo ajudou muito
A exprimir a ladainha.

Nourius


MAS MESMO ASSIM...

Nos tempos de ainda criança
Vendendo bom geladinho
Abafabanca quem vendia
Era o amigo Bertinho
Concorrente do fim da sala
Recreio, dinheiro ligeirinho
Ruim era aos domingos
Com a caixa de isopor
Subia na arquibancada
Bem com medo de Dagô
Abria caixa, pegava tudo
Ia embora que nem pagou
Dona Tita com outra caixa
dando boa vida a Doutor.
Hoje este faz de tudo
No esporte...Que diretor!
O cargo é vitalício
Melhor do que senador.
Só ouvia Cipó ganhando
Alegria do bom gol
O Bahia sempre perdia
E Cipó sempre ganhou
Antes de qualquer jogo
O banho de água quente
Nos que vinham de Salvador
Daí o sono thermal
Deixava jogador tonto
Cipó ganhando era normal.
Só sei que eu ia embora
Prejuizo do vendaval
Dagô que eu tinha medo
Já estava no aconchego
Eu que pra prestar conta
Do produto que ainda restava
Contava três, quatro sobras
A metade eu furava
Pegava dois lá de fora
Lá dentro se misturava
Donedite de Tineu
Via e não desconfiava
dagô que eu tinha medo
Nos sacos eu descontava
Cresci e Dagô já grande
Na cultura se infiltrara
Amigo e bom parceiro
Da geração Odara
Deixou de ser vendaval
Com a música Rio Arenoso
Ganhou um bom Festival
Viajava em o bom grupo
Bom de peça teatral
A kombi de nossas idas
Era de grande valor
Motorista sem saber ler
Era o Nezinho do Amor
Eu lia Cipó tá perto
E ele seguia pra salvador
Tempo de boa história
Singular no seu valor
A leitura que vai surgindo
Geladinho, Doutor, dagô...
Quem sofre é o computador.

Nourius - 21/01/2012


HOJE É DIA DE SANTOS REIS...

E quem não gosta da festa de Santos Reis?

Na noite do dia anterior
Já há aglomeração
Madrugada alvorada
Foguete e pistolão
Da zabumba o gemido da gaita
O mingau, que bom de montão
Tudo vira alegria
A missa é um missão
Eu até já fui padrinho
Nos famosos batizados
Os bares e as barracas
Desfilam quente, gelado.
Ainda falo lá do parquinho
E dos jogos de azar
Tiro de ar comprimido
Maçã do amor, quem pode dar?
Das roças vem muita gente
Haja ônibus e rural
Do Cauanga ao Amari,
Soure, Tucano, Pombal
Ribeira vem bem legal
Só sei que o santos reis
É festa bem popular
Serve pra todo mundo
Algumas coisas boas de rir.
Churrascos misturam-se com perfumes
Cantadas pra namorar
Alguns dizem ói nois, ói eu
Outros onde se meteu
No escuro que anoiteceu
Cada carro um sofá
Que balança no bom gingado
Alguns vão embora cedo
Imagine com pés cansados 
Logo cedo pau de sebo, quebra pote
Jogo casado/solteiro
Quem ganhar, haja cerveja
Quer beber...Bote!
Geralmente o trofeu pode ser um carneiro
Um porco ou um bode.
Depois a gincana
A briga é muito bacana
Lá pelas tantas da noite, 
Acabou-se a boa cultura
E começa a musicaria
Arrocha mistura xote
E então o jeito é brincar
De lagartixa de pé de pote
E aí uma só voz:
Quer ver beber! Bote!
Importante é a alegria
Do bom janeiro do dia seis
É tão bom que rimou legal
Com a boa Folia de reis.
Nourius