5 de outubro de 2009

BREVE HISTÓRICO DE CIPÓ A PARTIR DE LEITURAS FEITAS POR NOURE CRUZ





Noure Cruz é colaborador de textos sobre Cipó e áreas ribeirinhas do Itapicuru



Falar do município de Cipó através de uma visão sintetizada requer viajar pela própria história do Brasil e já a partir do século XVI, observar através dos estudos da escritora Mônica Dantas que a atividade missionária dos jesuítas já havia atingido a foz do Rio Itapicuru, seguindo em direção ao interior nos limes de Bahia e Sergipe, próximo a Cipó.

As sesmarias foram, desde o início, o meio, por excelência, de alienação da terra. Primeiramente foram requisitadas as áreas próximas a Salvador.

Em 1563, Tomé de Souza, recebeu em troca de seus serviços à Coroa, terras que se encerravam no Rio Itapicuru, inserindo-se aí neste cenário, áreas que hoje está assentado o município de Cipó. Acabou por transferir a doação para Garcia d’Ávila. O novo proprietário passou se dedicara criação de gado.

As boiadas abriam seus caminhos pelas caatingas, estabelecendo currais, às vezes vindo juntamente com os jesuítas ou das expedições.

Em 1590, Moréia, com o objetivo de busca de riquezas minerais e catequização dos índios, avançou pelas caatingas de Tucano, nas proximidades de Cipó.

Em nossa região, já era visível a presença de africanos vindo de Guiné, assentados em mocambos destruídos por Zorobabé em 1604, nos limites de Cipó, no Município de Itapicuru.

Os padres Rolando e o Irmão Teólogo João de Barros, criaram as missões religiosas de Santa Tereza de Canabrava (Ribeira do Pombal), Nossa senhora da Conceição-Natuba(Nova Soure), Nossa Senhora da Assunção saco dos Morcegos (Banzaê).

As missões jesuíticas também auxiliavam os tangedores de gado para levar até as feiras de animais. Cipó ainda hoje tem uma feira tradicional com venda dos animais apenas “no olho”.

O Sertão de dentro, local topográfico do Município de Cipó, passou a ter ligação com o mercado de Salvador e o recôncavo.



Stuart Schwatze demonstrou em 1798 que 2.844 escravos chegaram à região de Itapicuru, vindos de Angola, Benguela e Congo. Em Cipó existem três comunidades auto-declaradas como quilombolas ou afrodescendentes: Várzea Grande, Caboge e Rua do Jorro, todas às margens do Rio Itapicuru, sem contar com a distribuição de negros ao longo das comunidades ribeirinhas.

É comum ao se viajar por áreas ribeirinhas de Cipó, citando aí, os povoados de bananeira, Canoas, Passagem, Barreiras, Brejinho, Barro Branco e Calumbí, a pluralidade cultural representada por samba de roda, zabumbas, polpinhas nos cabelos, rezas e causos, o que caracteriza e muito a presença da cultura de matriz africana, ainda em fase de pesquisa.

Em 1730 O Padre Antônio Freire, donatário de uma sesmaria no sertão de Itapicuru de cima, dirigiu uma representação ao Vice-rei do Brasil, a respeito da utilização das águas termais da região. Somente em 1829, porém o governo da Província mandou construir, pelo capitão-mor João Dantas, um estabelecimento de banhos nas fontes da Missão da Saúde, a um quilômetro da vila de Itapicuru, sendo concluídas as suas obras em 1833.

Já em 1831, a Lei provincial nº 186, mandava construir no lugar denominado Mãe-d’água de Cipó, uma casa para abrigo dos doentes que procuravam aquelas fontes.

Anos depois, por volta de 1843, a Assembléia mandou construir outra casa que, tal a primeira, passou a chamar-se “Casa da Nação”. Muito tempo depois, as duas casas abandonadas, ruíram devido a uma enchente do rio Itapicuru. Várias tentativas foram feitas para a construção de um balneário, mas somente em 1928 foi concedida permissão para a exploração das águas, fato que ocorreu em 19 de março do mesmo ano. Esta data assinala o início do progresso de Cipó que, a 8 de julho de 1931, foi elevado à categoria de município por força de decreto estadual de nº 7.479. Em virtude desse decreto foram supressos e anexados ao seu território os municípios de Nova Soure, ao qual Cipó pertencia na situação de povoado, Ribeira do Pombal, Tucano e Ribeira do Amparo.

Em 27 de maio e 19 de setembro de 1933 e 18 de julho de 1935, pelos Decretos Estaduais nºs 8.447, 8.643 e 9.600, respectivamente, os municípios de Tucano, Ribeira do Pombal e Nova Soure obtiveram autonomia. O município de Nova Soure, porém, perdeu toda a área necessária à formação do distrito sede de Cipó, que juntamente com território total de Ribeira do Amparo, que não logrou emancipação, formou o atual município de Cipó, ficando este, segundo a divisão administrativa do País vigente, composto de 3 (três) distritos: Cipó, Ribeira do Amparo e Heliópolis.

Alguns anos depois, o governador do Estado, após verificar a situação de abandono em que permanecia o lugar, mandou concluir a rodovia Alagoinhas-Cipó e efetuar o levantamento semicadastral, com o objetivo de traçar o plano urbanístico da cidade.

Assim, em 16 de maio de 1935, Cipó era tornado Estância Hidrominerais

Histórico Turístico

Em 1906, o Coronel Genésio Sales, o qual sofria de úlcera estomacal foi aconselhado por amigo a passar uma temporada no Sertão Arraial da Mãe D’água de Cipó, para tentar curar-se do seu problema de saúde e este foi curado da sua enfermidade, e assim, mandou construir perto da Fonte Termal, um chalé, que mais tarde, foi transformado em Hotel Termal.

Em 1926, o Dr. Genésio Sales com o fim de chamar a atenção dos poderes públicos para aquelas águas, empreendeu uma arrojada viagem de automóvel de Alagoinhas a Cipó, a primeira que se fazia ao Nordeste do Estado. Não havendo estradas, seguiu o caminho das cavalgadas, em muitos trechos, mandava abrir estradas, alargar as existentes, para que o automóvel pudesse passar. Nos diversos povoados, os tabaréus, desconhecendo a existência de veículos sem tração animal, recebiam-no com grandes manifestações, faziam promessas e colocavam dentro do carro “vinténs” e “ex-votos”, o automóvel que era novo ao iniciar a viagem ficou bastante danificado. A imprensa de todos os estados do nordeste deu grande publicação ao acontecimento; anos depois, o governo do Estado mandou concluir a rodovia Alagoinhas-Cipó.

Em 1928 o chalé foi transformado no primeiro hotel pelo Dr Genésio de Seixas Sales Filho, sob a denominação de Hotel Thermal e após receber em concorrência pública a concessão de uso das águas de Cipó, iniciou suas atividades profissionais, montando um serviço de assistência médica, para atender o povo do arraial e adjacências.

Após receber a concessão de uso das águas de Cipó por um período de 40 anos (19 de março de 1928) em concorrência pública, o Dr. Genésio Sales iniciou suas atividades montando um serviço de assistência médica, para atender o povo do arraial e adjacências.

Em 19 de março de 1928 foi concedida permissão para a exploração industrial das águas. Nas fontes termais, onde havia quatro banheiros de palha, o Dr Genésio Sales construiu um moderno balneário, composto de uma piscina de água quente (na época a única existente no Brasil), um consultório médico, salas de espera e de tratamentos diversos, instalações sanitárias, “buvet” (chafariz para beber água termal) e dezessete banheiros, dos quais um era gratuito destinado a pobreza.

Em 1930, quando um bando chefiado por Lampião, conhecido como o rei do cangaço, afastavam os banhistas, causando grandes prejuízos, pois as pessoas o temiam, e por conseqüência disso, não apareciam para fazer uso das águas termais. Mais tarde Lampião foi morto e a nossa cidade começou a atrair turistas, que vinham em busca de suas águas medicinais.

A 16 de setembro de 1935, Cipó era tornada Estância Hidromineral, a partir de cuja época passou a exibir uma notável movimentação, tendo em vista o vertiginoso afluxo de veranistas.

Após esse acontecimento, o Rádium Hotel de Arquitetura Greco-Romana foi inaugurado em 1938, o qual hospedava turistas de vários países e anexado a ele havia um Cassino e seus jogos não eram proibidos, sendo freqüentado principalmente por hóspedes do Rádium Hotel e de outros hotéis, pensões, e também pelo povo cipoense, que para lá iam desfrutar da alegria e do conforto que o ambiente oferecia.

Com o grande número de turistas que passaram a visitar a cidade de Cipó, foi construído em 23 de julho de 1952 o Grande Hotel, conhecido como Elefante Branco da Terra, inaugurado pelo Presidente Getúlio Vargas.

Sua estrutura grandiosa atraiu muitos turistas que além de desfrutar dos jogos e bailes que o Cassino proporcionava na época, os mesmos usufruíam também das cascatas e piscinas situada no subsolo do Grande Hotel,sem contar no grande parque de diversão em que as crianças passavam a maior parte do tempo, enchendo-se de grande alegria e satisfação.

Lenda de como surgiu o nome da cidade de Cipó

Conta que um caçador andava pelas margens do rio Itapicuru. Nas suas andanças pelo sertão, atirou em direção de um pássaro que estava pousado numa árvore e então revoou um bando, o qual chamou atenção do mesmo, e ao chegar perto, ouviu um borbulho de água jorrando no solo de temperatura quente e gosto estranho. Assim, percebeu que naquele lugar havia enormes árvores de Cipó, um verdadeiro Cipoal.

O caçador ao seguir seu percurso em direção da cidade de Itapicuru da Missão, espalhou a notícia das águas descobertas e indicou a todos que a mesma estava na localidade de Cipó, no cipoal às margens do rio Itapicuru.

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