7 de dezembro de 2013

Misterioso Brasil

Relendo aqui um sermão do tempo que compreendia e decorava textos para recitação e reflexão. Do tempo do sermão do padre que unido a Gregório de Mattos, formavam o Barroco, passando pelos tempo que decorei o sermão aos dias de hoje. Acontece que hoje tá tudo junto e misturado e não se sabe ao certo a confusão causada pela visão de mídia e midiatismo, entre falácias e falatórios e aí relembro uma outra fala que também aprendi do A Tarde, através de um editorial de Hermano Gouveia de que o que fizeram ontem com o Brasil somente hoje estamos sentindo. E amanhã?

ANTONIO VIEIRA (1608-1697)

O Olhar sobre a Vida Concreta

Não são só ladrões - diz o Santo -
Os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar,
Para lhe colher a roupa;
Os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título
São aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões,
0u o governo das províncias, ou a administração das cidades,
Os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os pobres.
Os outros ladrões roubam um homem,
Estes roubam cidades e reinos;
Os outros furtam debaixo de seu risco,
Estes sem temor, nem perigo;
Os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam.

Diógenes que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas (juízes) e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões e começou a bradar: "Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos." Ditosa Grécia que tinha tal pregador! Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul ou ditador por ter roubado uma província.

8 de julho de 2013

Coisas de ontem para depois de amanhã


O caso estranho e alegre de Caldas do Cipó

O caso estranho e alegre de Caldas do Cipó

Acontece que estive neste final de semana em minha terra, minha cidade, meu município, e meus cinco caminhos de saudades, presenças, causos, diálogos e compromissos...
Se penso minha terra é por ter certeza do solo podzol que preenche o porquê da boa paisagem que teve em meu alcance por assim dizer a beira do Rio Itapicuru e seu lindo afluente, o Rio Quente. Cada cenário de araticum, aroeira, pau de colher, mandacaru e, na cidade, as figueiras sem as famosas alasardinhas, assim dito popularmente, é uma abertura para alimentar minha imaginação. A viagem noturna que geralmente acontece de Salvador a Cipó, por 240 km, encontrando além da reprovação dos parentes em dizer: você é doido viajar tão tarde assim? E o olhar das luzes por uma paisagem que já conheço, anuncia que na escuridão já me tenho em imagem os pontos de quebra molas entre São Sebastião e  Caldas do Cipó, que são 30 redutores e, por demais, os animais soltos na passagem por Inhambupe a  Olindina. Daí, uma pessoa aqui, outra acolá e a proporção que vou saindo da BR 324, chegando a 110, passando pela 101 e pegando a BR 110 de novo, os carros vão diminuindo e a necessidade de pedir ou não farol baixo, vai também se reduzindo.
Na viagem vou sempre escutando uma boa música por influência dos filhos e, acompanhado destes, Bruno e Breno com a esposa Lucinha que entre um sono e outro grita em forma de alerta: olhe o quebra mola...Vou entre conversas presenciais e saudosismo sem necessariamente está presente na saudade, por ser num tempo bem antes de mim, lembro dos turistas dos anos 30 do século XX, com viagens em direção a estação de 21 dias de banho thermo-medicinal na aconchegante estação balneária de Cipó. Lembro do bom barulho dos carros de bois cruzados pela marinetti que saía de Alagoinhas com turistas, geralmente oriundos de trem da Estação Calçada (Cidade Baixa/Salvador) já pensando no receptivo feito por Domingos de Castro, gerente do lindo Radium Hotel de pertencimento da família de Dr. Genésio Salles em Caldas de Cipó.
Bom seria se naquele tempo, existisse uma Transnordestina como a que vai ser construída e alguns municípios próximos, estão relacionadas em sua passagem como: Feira de Santana, Coração de Maria, Santanópolis, Irará, Ouriçangas, Aramari, Inhambupe, Crisópolis, Olindina, Itapicuru, Fátima, Adustina, Paripiranga, Coronel João Sá e Pedro Alexandre. Aí seria uma outra história em contextos diferentes. 
Enquanto isso, posso dizer que estive neste final de semana em minha terra, minha cidade, meu município, e meus cinco caminhos de saudades, presenças, causos, diálogos e compromissos...

Caldas do Cipó é assim...Um caldeirão de desconfianças em falas fora do normal. Se se falar o que todos querem ouvir, alegria e satisfação permanecem e não se nota  indiferenças entre as pessoas. Caldas do Cipó é lindo apesar de cada um buscar a alegria do que lhe é peculiar e o social em forma de eventos festivos, reuniões e afins é visto sempre por presentes que aparecem pela metade, já que a política local distingue bem a presença garantida em eventos, ora por algo de nome morcego, ora por algo com nome de cupim e alguns em transição que não se inserem nesse contexto e aí é que me encontro e muitos outros que buscam uma confluência mais e mais de nossa gente cipoense. Aliás, faz-se necessário deixar em evidência a frase de minha autoria: Caldas de Cipó de fato, ou Cipó de direito, é bonita de qualquer forma, porque tem seu próprio jeito.
É claro que em sua história, na realidade todos compartilham para  bem viver o município...Melhor seria se deixássemos os rancores de lado e, caminhar sem temer os obstáculos exteriores, seria de bom grado para o engrandecimento da mesma. Vejo nos últimos tempos uma vontade danada entre os munícipes, da cidade crescer e se ter o orgulho de se poder elogiar o mundo cipoense em cada canto de algum lugar. Ao mesmo tempo, se nota algo local que sem saber o mal que causa, o pessimismo se instala e dentro de um super ego de fantasias internas, se busca colocar fatos nocivos sem busca de causas e perspectivas de melhoras, tipo: quanto pior melhor e quando eu chegar lá, quanto pior melhor, mas, no olhar de quem saiu. Se me entendem
é assim mesmo de uma coisa se tem certeza...É preciso repensar, desconstruir e...Parei aqui pelo tempo que me tenho...





30 de junho de 2013

TIRINHA TIRADA


QUILOMBOLAS NAS ORALIDADES TRANSVERSAIS - NOURE CRUZ

QUATRO VÍDEOS/DOCUMENTÁRIOS SOBRE COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO RIO ITAPICURU, COM ABRANGÊNCIA DE ÁREAS DE CALDAS DO CIPÓ, ITAPICURU, NOVA SOURE, RIBEIRA DO AMPARO. AS PESQUISAS DE NOURE CRUZ, FORAM PONTOS DE INTERMEDIAÇÃO PARA O ENTENDIMENTO DE BOA PARTE DA HISTÓRIA DO FRAGMENTO DA REGIÃO SEMIÁRIDO NORDESTE II, COM CONTRIBUIÇÃO DA DILL-HILL PRODUÇÕES E A BOA ORALIDADES DOS MORADORES DO CIRCUITO DAS ATIVIDADES DO DOCUMENTÁRIO QUE MUITO SERVE AOS ESTUDANTES DAS UNIVERSIDADES BAIANAS, BEM COMO DAS PREFEITURAS, EM ESPECIAL A PREFEITURA MUNICIPAL DE CIPÓ QUE MUITO SE BENEFICIOU COM AS COTAS DE INCENTIVOS DE PROJETOS POR PARTE DO GOVERNO FEDERAL E ESTADUAL.
MUITO IMPORTANTE A PARTICIPAÇÃO DOS MORADORES DAS LOCALIDADES E INFELIZMENTE MUITOS JÁ FALECERAM, MAS, ESTÃO PERPETUADOS NA BOA HISTÓRIA E DINÂMICA DE SUAS CAMINHADAS E DO DOCUMENTÁRIO. PARABÉNS A TODOS, A MIM (NOURE CRUZ) E A HISTÓRIA DAS COMUNIDADES DA VÁRZEA GRANDE, CABOGE E RUA DO JORRO.









24 de fevereiro de 2013

Vou contar tudinho

Hoje deixei você lá no ponto, indo ao meu adjacente
Segui com nossas risada, atento com o olhar da mente.
A mulher que sabe e fez tudo, o jornal vem já me vende.
Como sempre estava lá,comprei e segui em frente.

Bem lá pela Boca do Rio, entra evangélico surfista
Prega a  vinda de Jesus, sem vender nada de vista
Acho que é pra carona, parecendo ser mais artista
Desceu três pontos depois, com roupa de bom banhista.

Assim na curva da rua, que se segue na Dorival
Lembrei da linha reta, de nosso bom carnaval
Lembranças de Barra/Ondina, com Moraes foi bem legal.

Já chegando em meu ponto, você me liga oi!
Você já me liga...Eu lhe digo como foi.
Contei lhe tudinho, oi, foi, oi...



DESCANSE EM PAZ, DONA MARIA DA CRUZ

DESCANSE EM PAZ, DONA MARIA DA CRUZ


Ontem foi um dia triste para a Comunidade Quilombola da Várzea Grande, de Cipó- Bahia. 
Morreu Dona Maria da Cruz, mãe de Valmira, Marlon, Dalida e outros menores que me falta agora os nomes. 
Pela manhã de hoje, meu irmão Walter durante a caravana em direção ao cemitério local, ligou logo cedo relatando o ocorrido e me veio em mente as lembranças e a tristeza de uma perda e a alegria de ter conhecido Dona Maria.
Não encontrei uma foto de imediato em meus arquivos on line, mas, pude achar a de Seu Zequinha, o esposo que esteve sempre presente nos momentos de alegrias e companheirismo. Uma foto que tirei para enviar em direção ao programa Caldeirão do Huck, pensando em otimizar sua Brasília que teria adquirido por troca com uma carroça e um burro puxador. Mas, é uma outra história.
Walter em ligação passou o celular para seu Zequinha que chorava descontroladamente e em soluços tentava explicar a perda e por acréscimos, eu dizia que ele era forte e assim teria que prosseguir os caminhos de orientação para a família. Valmira sua filha também falou comigo e o que primeiro anunciou foi que não mais estaria sua mãe Maria na espreita da chegada do carro e de dentro minha saída com máquina fotográfica sempre a buscar imagens lindas da alegria de uma comunidade quilombola.
Maria da Cruz era uma expressão de liderança da comunidade que teve origem nos ainda vivos, seu Clarindo Da Cruz e Dona Francisca da Cruz. A comunidade Quilombola da Várzea Grande após o reconhecimento como comunidade quilombola, pela Fundação Palmares e MinC, através de (Noure Cruz)  meus projetos de pesquisas e encaminhamentos, teve importantes visitas e, sua lista de convivências, entre elas, a de Dr Ubiratan Castro, récem falecido, Wilson Aragão cantador, André Maruqes, professor de cantorias na comunidade, Cleendson músico, Mirian Aragão que ensinou os meninos a pintar em pedras, do Deputado Federal Luiz Alberto, do programa Na Carona,  do Sebrae, Insituto Mauá, além de prefeitos, estudantes, curiosos, turistas que se contagiam com a alegria de todos os moradores que tem como referencial de atividades culturais, a apresentação dos Jovens Cantores da Várzea Grande.
Dona Maria da Cruz, além de ter sido um importante elo de ligação com outra comunidade Quilombola, a do Caboge, tinha sempre a alegria de interagir com outras comunidades, quando convidada por mim, para o bom samba de roda das Canoas, da Rua do Jorro e de todas as áreas ribeirinhas do Itapicuru.

Assim...Descanse em Paz, Dona Maria.

12 de fevereiro de 2013

Rede Globo e a hipnose de suas leituras momescas...

Ao ligar a TV e passar pelo Canal 11, TV Bahia, Rede Globo, me chama atenção as duas leituras sobre o carnaval pelo Brasil e, funciona com uma ideia de desestruturação dos carnavais pelo país e o enaltecimento do Rio de Janeiro e as Escolas de Samba.

A chamada do tópico frasal da Rede Globo, até consegui memorizar pelas duas colocações:

"DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO FOI MARCADO PELA ALEGRIA E DIVERSIDADE DE CORES.
SAIRÁ HOJE A CAMPEÃ DO DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA EM SÃO PAULO.
Pela Rede Globo, na Bahia só fica a marca do despreparo com os dois links e não aponta alegria:


PELA MANHÃ A PRIMEIRA CHAMADA (BOM DIA BRASIL): NO CARNAVAL DA BAHIA, ARTEFATO COM FORMATO DE GRANADA CASEIRA PROVOCA PÂNICO NO CIRCUITO DE SALVADOR.
SEGUNDA CHAMADA ( JORNAL HOJE): NA BAHIA MORRE HOMEM ELETROCUTADO EM CIMA DO TRIO ELÉTRICO.

É por demais triste a maneira como a Rede Globo se utiliza para desgastar o maior e melhor carnaval do mundo, não sabendo a mesma que os sambas das escolas de samba são quase que apenas apresentadas durante o carnaval em seus desfiles e, no restante do ano, nem se ouve mais durante os dias que preenchem o ano. É claro que são bonitas, culturais e transmissoras de energia, mas, a nível de Brasil, se resume apenas as imagens dos desfiles e dos momentos carnavalescos.

Já as músicas do carnaval da Bahia, alimentam em muito o ibope não só da referida rede, mas, todo o país é bem alimentado e, Ziriguidum, Dançando e Largadinho dão o compasso de que a Bahia vai estar em evidência pelo país durante os meses que seguem e tudo surge principalmente nas ruas de Salvador, que surgem de muitos bairros, do Pelourinho, passando pela Castro Alves, chegando ao Campo Grande, se encontrando na Barra e abrindo vários outros caminhos pelo restante da Bahia, através das ruas musicais de todo o Estado.
Faz-se necessário dizer que numa visão particular, em função do carnaval está homenageando a guitarra baiana, no lindo dedilhar do referencial Armandinho e suas variações em forma de Luiz Caldas, Davi Moraes, Moraes Moreira, Durval Lelis, Retrofoguetes e muitos outros, devo fazer opção pela música CHAME GENTE.
Ah! imagina só que loucura essa mistura

Alegria, alegria é o estado que chamamos Bahia

De Todos os Santos, encantos e Axé, sagrado e profano, o Baiano é carnaval
Do corredor da história, Vitória, Lapinha, Caminho de Areia
Pelas vias, pelas veias, escorre o sangue e o vinho, pelo mangue,Pelourinho
A pé ou de caminhão não pode faltar a fé, o carnaval vai passar
Da Sé ao Campo-Grande somos os Filhos de Gandhi, de Dodô e Osmar
Por isso chame, chame, chame, chame gente
Que a gente se completa enchendo de alegria a praça e o poeta
É um verdadeiro enxame, chame chame gente
Que a gente se completa enchendo de alegria a praça e o poeta
Ah!...a praça e o poeta.


Acredito que todos os músicos ou quase todos, cantaram tão lindo sucesso e seria justo ser o referencial para o momento, mas, já está consolidado na mente de cada folião que se faz presente no mais lindo dos carnavais do mundo que é múltiplo em seus pontos de alegria, tipo...Se estamos no pelourinho entre caretas, percussão, adereços, marchinhas, frevo e sambas, alguém fala e chega aos meus ouvidos...ISSO É QUE É CARNAVAL. Se estamos ouvindo o pagode do Psirico, Harmonia e outros, chega aos meus ouvidos...ISSO É QUE É CARNAVAL. Se estamos pulando atrás do trio de Armandinho, Dodô e Osmar, Moraes Moreira, sai de nossa oralidade: ISSO É QUE É CARNAVAL. Se passa pelos camarotes, cordas e ruas, Chiclete com Banana, Margareth, Magary Lord, Claudia Leite, Ivete, Daniela Mercury, Tuca, saulo, Eva e muitos outros, chega aos meus ouvidos...ISSO É QUE É CARNAVAL.
Assim, convocar a televisão para ser neutra e responsável nas informações, faz-se necessário e para encerrar:

Por isso chame, chame, chame, chame gente


Que a gente se completa enchendo de alegria...


5 de fevereiro de 2013

Via quase Crucis...DOMINGO, 03 de Fevereiro de 2013




Cinco eventos em forma de artes cênicas e artesanais marcaram o dia de sábado da família Cruz, Noure, Lucinha, Bruno e Breno, este sem ir, mas...estava nos planos, além de muitos outros que em cada apresentação fizeram-se presentes. Acredito que o conjunto das cinco apresentações foram comuns apenas a família que das 14 até às 22 horas teve presença garantida. A sequência, Lenda das Yabás, Brinquedos que moram nos sonhos, Bonitinha, mas ordinária, um monólogo que não apresentou nome que antecedeu Mar Morto Revivido e o próprio Mar Morto revivido. O Espetáculo Lenda das Yabás, fez uma bela viagem com acesso gratuito do publico, pela ancestralidade africana, deixando bem claro a importância de Exu nos caminhos da religião de matriz africana. Sempre presente nos caminhos de todos os orixás, entre eles, Ogum, Shangô, Ewá, etc. Aos poucos, o filho mais velho, Bruno Cruz, estudante de Psicologia, vem assuntando a curiosidade frente às tradições africanas e suas influências na Bahia e diálogos de análises sobre o tema sempre frequentam a sala do apartamento da família.
Não foi uma apresentação cênica, mas, os cenários no Museu de Artes da Bahia, Corredor da Vitória,
Brinquedos que moram nos sonhos - O brinquedo popular, neste momento, apenas eu e Lucinha, Bruno já se deslocara para um luau com o amigo Talbert que tem quase todo final de semana, morada em casa. Sim, a amostra encanta a crianças e adultos pela força lúdica dos 1.500 brinquedos que a compõem e pela inventividade da criação popular. Os brinquedos ocupam todos os espaços expositivos do Museu de Arte da Bahia e estão divididos nas seguintes seções tema: A Sala de Brinquedos, A Sala dos sonhos, a Sala do Espetáculo, a Sala do Medo, A Sala das Reciclagens, A Sala do Desafio, A Sala das Representações e a Sala de brinquedos de madeira. Uma exposição assim, deveria ser visitada por todas as escolas e seus membros...Ficará até maio de 2013.

A presença seguinte, na peça teatral, Bonitinha, mas ordinária, baseado na obra de Nelson Rodrigues, o dramaturgo pernambucano, o ex-contínuo Edgard tem de escolher entre o casamento por dinheiro ou por amor. Apaixonado pela vizinha Ritinha, que sustenta a mãe louca e as três irmãs, Edgard recebe a proposta de se casar com Maria Cecília, a filha de Werneck, seu patrão, que fora currada. A trama gira em torno das hesitações de Edgard e traz tensões e desfechos surpreendentes, que escondem a hipocrisia e o moralismo de fachada da classe média que Nelson Rodrigues soube tão bem analisar.

Saindo do Teatro Castro Alves, o palco seguinte foi no Martim Gonçalves, Canela, Salvador. Antes de Mar Morto Revivido, na sala de espera, um monólogo foi apresentado na pessoa da atriz Manuela que se fez empregada doméstica de algum lugar nobre e entre entregas de bandejas sortidas de comidas, um gole de bebida, com garrafa guardada entre os seios, fazia-se presente e ao final dos quinze minutos, a interação com um senhor presente ao evento, fez sucesso e gargalhadas ao pegá-lo para dançar.

A peça Mar Morto Revivido, que apresenta o tema encenado pelos alunos do Curso Livre de Teatro da UFBA,  a partir dos escritos de Jorge Amado em 1936, conta a saga dos mestres de saveiro e outras figuras do cais da Bahia em sua luta diária pela sobrevivência. A peça só não foi melhor pela duração. Quase três horas. Poderia se sintetizada para uma hora. O tempo desgastou o público e inquietos, eu e Lucinha, pelas peças anteriores, não conseguimos suportar os cinco minutos restantes, mas, a música, os atores, o cenário e as adaptações aos tempos de hoje, foram determinantes para o sucesso da apresentação, solicitando ao diretor que se possível for, fazer alguns cortes, faz-se necessário. Não está falando aqui um especialista, um literato, mas, alguém do senso comum que gosta e admira as boas histórias da dramaturgia brasileira.
Finalizando o domingo e já exausto, não obstante com a mente com novos conteúdos  o retorno pra casa e o diálogo com os filhos e a esposa, fez-se necessários aos bons conteúdos de uma dia de domingo em Salvador, sem gastar quase nada, apenas o imaginário dos impostos que se paga no dia a dia, mas...Uma outra história.

28 de janeiro de 2013

Poesias de Cipó, Retalhos e Alfarrábios dos tempos de Facebook - Noure




Sim...
Se seu Zé Verde, devoto de Santa Luzia e bom cego que me enxerga de longe com bela gaita em assovio
Se Zé Pavão' nunca passa pela rua da Usina, supersticioso que é
Se Dona Jacinta jurava ter visto a besta fera saindo de uma pedra na rua da Salgadeira
Se seu Zezu afirmou que não levaria roupa por só passar cinco dias
Se vó Carrola gritava do alpendre, oh minino vem logo dormir, diabistarabati
Se Zé Bonitinho pode ser que não
Se João Bonito pode ser que sim
Se João Gordurinha é magro
Se Jaleu é de poucos estudos
Se Tampinha muito vendeu folha de feijão a Helhinho como se fosse maconha...
Então...
Cada ítem uma poesia
No dia dos bons poetas
Assim...vamos recitar
Nourius


NOURE DA ERMITA DO NIVALDO SÓ TEM UM...

Estou em Caldas de Cipó de fato
Ou cipó de direito
É bonita de qualquer forma
Porque tem seu próprio jeito.
Antes de chegar
Dentro do carro 
Os filhos viajantes
Já cantavam o refrão
Da rua pós ponte de Cipó
Eu não passo pela Rua da Usina
E não deu outra:
Passei por lá
E desafiei seu autor:
Zé Pavão.
Logo, logo quem eu vi primeiro:
Zé da Rua...Nunca envelhece. 
Eu menino, ele adulto
Eu adulto, ele criança.
O tempo passa em mim
E ele se esconde no tempo. 
Assim vejo Zé da Rua.
Parei e vi Zé do Clube
Entende toda política local
De seu bar, nascem fofocas
Criam candidatos
E sua encarnação
Como bom morcego
Contraria qualquer cupim.
Mal falo das tendências para a eleição 2012
Já se mostra arrepiado
A bebum pergunta: - com frio Zé do Clube?
- Não! É o morcego!
Só entende quem é de Cipó.
Sigo caminho, despedindo de Aventurado
Vaner amigo que é.
Que pergunto por Marcos de Matilde
E a ex equipe de trabalho
Qual chamava de DOUTOR FEVRAVAMANO
Fernando, Francimar, Vaner, Marcos, Noure.
Todos tinham medo
Pelo serviço de inspeção de carnes
Principalmente Zé do Açougue
Zelitinho
Zelitão
Zelito
Zé do Buri
Zé do Amari.
Passo por Zé de Lió
E não vejo a pirotecnia vendida 
Em girândolas e pistolões
Sigo adiante e não vejo também
Zé Bonitinho sentado
Nas frentes de Dona Louva
Adiante Zé Macedo
Macedo foi prefeito
Mais tarde, orgulho do filho Macedo...
Também prefeito na hereditariedade familiar.
No Pau Ferro vejo Zé de Dudé
Tão bom cantor,
Tão bom jogador
Saudosista em história
No bar de Janeiro
Que tem parentes no Tereza batista Pelourinho
E cerveja me vendem pelo preço de custo
Onde Longnets, se vendem por seis.
De Zé em Zé...
Passo por Zé da Rola,
Zé Grande,
Zé de Zefa
E Zé...
Até Zé Antonio
Jovem amigo de meu filho.
Vi Zezinho... Sempre sob os tamarineiros
Ouvindo o você já soube.
E só não vi Zelão
Por morar além Zé Cupan
E pelo tempo que Cipó me tem
E preciso retornar.
retornarei ouvindo
O poema José
Na voz de Paulo Diniz
Assim...
Nem sei o porquê das lágrimas.
Nem eu...
Nem Zé!
Nourius


CIPÓ EM RETALHOS
LEMBRANÇAS DAS COSTURAÇÕES
E POUCO SE TEM NOTÍCIAS
DE CADA ALINHAVAÇÃO.
SEMANA QUE SE FOI ONTEM
NAS TERRAS DE SALVADOR
BAINHA QUE FUI FAZER
CUSTA DOZE MEU SENHOR.
A REALIDADE É QUE DO REAL
BATE UMA SAUDADE MATERNAL
COSTUREIRAS DIA DE FESTA
MÃE NA MÁQUINA NATURAL
DONA ADACY, TONHO CALÇOLA, 
AGRIPINO, DONA LOUVA, DAL.
PROCURA MAIOR QUE OFERTA
CARNAVAL, SÃO JOÃO, NATAL
ROUPAS SE ERAM MUITAS
COM RETALHOS À SIDNEY MAGAL. UAU!
CERTA VEZ FIZ UM DESFILE
OS CANTORES?
ROBERTO MENDES, JORGE PORTUGAL !
NA ÁREA DO COFFEE SHOP
FEZ-SE NOITE TROPICAL
VESTIDO DE NOIVAS,
CAMISOLAS, SAIAS, BLUSÃO
MANEQUIM MAIS DE SESSENTA
GORDAS, MAGRAS, MUITA OPÇÃO
GLADSTON E KÁTIA BRITO
BEM MAIS DO QUE EU
DESIGNE DE ARRUMAÇÃO
ABACAXIROSCAS NO ABACAXI
INAUGURAVAM BEBIDAS ASSIM.
SÃO LEMBRANÇAS DE MINHA CABEÇA
NAS HISTÓRIAS DO EUDIMIM
BOM QUE SE REGISTRA COMO RETALHO
DE UMA REALIDADE EM EXTINÇÃO
HOJE QUALQUER ESQUINA
ROUPA O QUILO É PROMOÇÃO
DEIXO ATÉ UMA LEMBRANÇA
UMA CAMISA MÃE FEZ LIGEIRO
A MANGA SÓ ALINHAVAÇÃO
DA DANÇA DO PEGAR NA MÃO
LÁ SE FOI MANGA!!!!
OU...MANGAÇÃO!
MAS, DOS RETALHOS, BOA LEMBRANÇAS
BOM TEMPO DE UNIÃO.
Noure Cruz Nourius


...Será jogo de vaidades? 

O amigo diz...
O ideal seria uma composição em que os interesses a serem levados ao ápice fossem os interesses coletivos, não é?

Eu respondo: 
Acho que o coletivo de lá parte de uma lógica do individualismo sem interesses coletivos.

O amigo diz...
Um município como Cipó com uma vocação natural pro turismo e um gigante branco se perdendo no tempo sem o devido uso de sua estrutura! 
Dá pena de ver tanto descaso, das três esferas de governo!!!!

Eu respondo:
O gigante branco já nasceu assim e, aliás, foi quem desmoronou a cidade, motivando a saida dos Salles, que investiram pesado na cidade e na estação de 21 dias nos banhos thermo-medicinais. 
As águas thermais servem apenas para o orgulho dos cipoenses que nem banho tomam em suas thermas. A piscina de águas curativas parece um cemitério noturno...
A Cascata serve apenas na maioria das vezes, para cura da ressaca após alto teor etílico no sangue.

Artigo da boa irmã Iolanda Cruz que mora em Sampa e que parte do que se pesquisou sobre afrodescendência, em muito foi fruto de minhas idas e vindas a Brasília em diálogos com Dr. Ubiratan Castro de Araújo na Fundação Palmares e suas idas em direção às comunidades do Caboge, Várzea Grande e Rua do Jorro- Cipó bahia

ENTRE AS ÁGUAS E OS QUILOMBOLAS: A IDENTIDADE CULTURAL DE CIPÓ, BAHIA, DE
1700 A 2006
Iolanda Cruz Teles

Quer saber o conteudo do Artigo? Acesse:http://smarcos.br/paulinia/pesquisaemdebate/especial/artigo_28.pdf

Noure Cruz
http://smarcos.br/paulinia/pesquisaemdebate/especial/artigo_28.pdf
smarcos.br


RIMAS PERFEITAS

Ainda bem que o Modernismo
Deixou a gente sem métrica
A rima obrigatória
Passou a ser vista até tétrica.
Uma das pessoas que mais seguiu vanguarda
Ainda mora em Cipó
É seu Zelito dos Cocos
Gestão Gerson era podador
Figueiras tão bem podadas
Só era ruim se dá olhada
"Alassardinha impistiava"
Aporrinhava nossa visão
E dia 07 de setembro
Pessoas de amarelo
Atraíam até os olhos
Bichinho da ardidão.

Cada rima um sucesso
Veja bem esta daqui:
"Lá vem a lua saindo
Branquinha como leite...
Se coalhar eu como!"

Ou uma mais outra:
"Lá vem a lua saindo
Por detrás da bananeira
Não é lua não é nada
É Itinha meu amor chegando
Para fazer café..
Corre Itinha!"
Assim ia e vinha
Distribuindo simpatia
Importancia: vender o coco
Na base da poesia
Com rima ou sem rima
Na cabeça o que se tinha
Modernismo ajudou muito
A exprimir a ladainha.

Nourius


MAS MESMO ASSIM...

Nos tempos de ainda criança
Vendendo bom geladinho
Abafabanca quem vendia
Era o amigo Bertinho
Concorrente do fim da sala
Recreio, dinheiro ligeirinho
Ruim era aos domingos
Com a caixa de isopor
Subia na arquibancada
Bem com medo de Dagô
Abria caixa, pegava tudo
Ia embora que nem pagou
Dona Tita com outra caixa
dando boa vida a Doutor.
Hoje este faz de tudo
No esporte...Que diretor!
O cargo é vitalício
Melhor do que senador.
Só ouvia Cipó ganhando
Alegria do bom gol
O Bahia sempre perdia
E Cipó sempre ganhou
Antes de qualquer jogo
O banho de água quente
Nos que vinham de Salvador
Daí o sono thermal
Deixava jogador tonto
Cipó ganhando era normal.
Só sei que eu ia embora
Prejuizo do vendaval
Dagô que eu tinha medo
Já estava no aconchego
Eu que pra prestar conta
Do produto que ainda restava
Contava três, quatro sobras
A metade eu furava
Pegava dois lá de fora
Lá dentro se misturava
Donedite de Tineu
Via e não desconfiava
dagô que eu tinha medo
Nos sacos eu descontava
Cresci e Dagô já grande
Na cultura se infiltrara
Amigo e bom parceiro
Da geração Odara
Deixou de ser vendaval
Com a música Rio Arenoso
Ganhou um bom Festival
Viajava em o bom grupo
Bom de peça teatral
A kombi de nossas idas
Era de grande valor
Motorista sem saber ler
Era o Nezinho do Amor
Eu lia Cipó tá perto
E ele seguia pra salvador
Tempo de boa história
Singular no seu valor
A leitura que vai surgindo
Geladinho, Doutor, dagô...
Quem sofre é o computador.

Nourius - 21/01/2012


HOJE É DIA DE SANTOS REIS...

E quem não gosta da festa de Santos Reis?

Na noite do dia anterior
Já há aglomeração
Madrugada alvorada
Foguete e pistolão
Da zabumba o gemido da gaita
O mingau, que bom de montão
Tudo vira alegria
A missa é um missão
Eu até já fui padrinho
Nos famosos batizados
Os bares e as barracas
Desfilam quente, gelado.
Ainda falo lá do parquinho
E dos jogos de azar
Tiro de ar comprimido
Maçã do amor, quem pode dar?
Das roças vem muita gente
Haja ônibus e rural
Do Cauanga ao Amari,
Soure, Tucano, Pombal
Ribeira vem bem legal
Só sei que o santos reis
É festa bem popular
Serve pra todo mundo
Algumas coisas boas de rir.
Churrascos misturam-se com perfumes
Cantadas pra namorar
Alguns dizem ói nois, ói eu
Outros onde se meteu
No escuro que anoiteceu
Cada carro um sofá
Que balança no bom gingado
Alguns vão embora cedo
Imagine com pés cansados 
Logo cedo pau de sebo, quebra pote
Jogo casado/solteiro
Quem ganhar, haja cerveja
Quer beber...Bote!
Geralmente o trofeu pode ser um carneiro
Um porco ou um bode.
Depois a gincana
A briga é muito bacana
Lá pelas tantas da noite, 
Acabou-se a boa cultura
E começa a musicaria
Arrocha mistura xote
E então o jeito é brincar
De lagartixa de pé de pote
E aí uma só voz:
Quer ver beber! Bote!
Importante é a alegria
Do bom janeiro do dia seis
É tão bom que rimou legal
Com a boa Folia de reis.
Nourius