O diálogo a seguir entre Sr Antônio Cupan e seu filho Denlson, ambos
afrodescentes em Cipó- Bahia, estabele importante fonte em torno das reflexões sobre o que é e como viviam os negros nas áreas ribeirinhas do Rio Quente e Itapicuru:
https://youtu.be/2jni2aCxxpg
Relata o Sr Paulo Cupan - [Nossa família] foi criada aqui...aqui nos Caroço; nos Pau Branco. Meu avô era dos Pau branco... Vicente Cupan, conhecido né, in todo mundo, né, foi criado aqui no Cipó, no terreno de Dna. Sinharinha aqui de Heliberto. Ontonce, ele... minha mãe quando teve a Guerra dos Canudo e quando vieram a Força [guardas] de lá pra cá, tudo rebentado, tudo coisado, era vivo tiveram que descansar aqui... descansaram aqui. Descansaram e daí desceram pro... praí pra baixo, ela contava muito essa história. Eu, mas eu mesmo não alcancei não. O pai trabalhava cum... era aí pra baixo, era pro lado do Mosquito.. era... meu pai foi criado mais o Venceslau. O homem de quem ele era quase escravo era Venceslau... era o homem daí de baixo, daí deste lado do Mosquito. Outra história eu não posso contar que eu não sei não. Sr. Cupan continua [refere-se a seus familiares]... Minha tia, tia Duo, tia Durina moravam aqui na Rua do Cemitério [periferia da cidade], elas também trabalhou... tia Maria Cabocla, que é a irmã de pai, foi criada tudo lá nesse foco, sabe. Num sabe, Foi criada tudo lá, mais esse homem Venceslau.
Compadre Nonô mesmo tinha gente que cabeceava que foi criado com ele mesmo, tinha Dna Francisca, finado Barbosa, Dna. Mocinha... era tudo esse povo que a gente labutou com ele também com Dna Mocinha sabe... não foi como escravo. Eu [cheguei] a labutar com ela, seu Maninho, mas não foi como escravo, não. [ depoimento do sr. Paulo Cupan, dono hoje de olaria simples na Comunidade Quilombola da Várzea Grande]. Nesse momento seu filho o interrompe e entre os dois se estabelece o seguinte diálogo. __E trabalhar em troco de comida não era escravidão não, é? [Filho] __Não, mas naquele tempo o pobre era tudo escravo.[Pai] __ Mas num tinha dinheiro.[filho] __ Pobre! Pobre quem dominava era o rico.[pai] __Nesse tempo não tinha direito, não tinha nada. Era tipo escravidão mesmo. Eu trabalhava e recebia o quê? Dois litros de arroz, um quilo de farinha.[filho] __ [o pai retruca] não, mas naquele tempo tudo comia lá, lá mesmo dormia. Se fizesse uma coisa ruim ia pro tronco, amarrado assim [este se coloca encurvado e mostra]. __Libertado tá é hoje, antigamente não era libertado, não... antigamente era só escravidão.[filho] __ É assim, nós só veio ter liberdade de um tempo pra cá. De setenta anos pra cá... de oitenta anos pra cá. Mas antes era tudo na base da escravidão.[pai]
https://youtu.be/2jni2aCxxpg
Relata o Sr Paulo Cupan - [Nossa família] foi criada aqui...aqui nos Caroço; nos Pau Branco. Meu avô era dos Pau branco... Vicente Cupan, conhecido né, in todo mundo, né, foi criado aqui no Cipó, no terreno de Dna. Sinharinha aqui de Heliberto. Ontonce, ele... minha mãe quando teve a Guerra dos Canudo e quando vieram a Força [guardas] de lá pra cá, tudo rebentado, tudo coisado, era vivo tiveram que descansar aqui... descansaram aqui. Descansaram e daí desceram pro... praí pra baixo, ela contava muito essa história. Eu, mas eu mesmo não alcancei não. O pai trabalhava cum... era aí pra baixo, era pro lado do Mosquito.. era... meu pai foi criado mais o Venceslau. O homem de quem ele era quase escravo era Venceslau... era o homem daí de baixo, daí deste lado do Mosquito. Outra história eu não posso contar que eu não sei não. Sr. Cupan continua [refere-se a seus familiares]... Minha tia, tia Duo, tia Durina moravam aqui na Rua do Cemitério [periferia da cidade], elas também trabalhou... tia Maria Cabocla, que é a irmã de pai, foi criada tudo lá nesse foco, sabe. Num sabe, Foi criada tudo lá, mais esse homem Venceslau.
Compadre Nonô mesmo tinha gente que cabeceava que foi criado com ele mesmo, tinha Dna Francisca, finado Barbosa, Dna. Mocinha... era tudo esse povo que a gente labutou com ele também com Dna Mocinha sabe... não foi como escravo. Eu [cheguei] a labutar com ela, seu Maninho, mas não foi como escravo, não. [ depoimento do sr. Paulo Cupan, dono hoje de olaria simples na Comunidade Quilombola da Várzea Grande]. Nesse momento seu filho o interrompe e entre os dois se estabelece o seguinte diálogo. __E trabalhar em troco de comida não era escravidão não, é? [Filho] __Não, mas naquele tempo o pobre era tudo escravo.[Pai] __ Mas num tinha dinheiro.[filho] __ Pobre! Pobre quem dominava era o rico.[pai] __Nesse tempo não tinha direito, não tinha nada. Era tipo escravidão mesmo. Eu trabalhava e recebia o quê? Dois litros de arroz, um quilo de farinha.[filho] __ [o pai retruca] não, mas naquele tempo tudo comia lá, lá mesmo dormia. Se fizesse uma coisa ruim ia pro tronco, amarrado assim [este se coloca encurvado e mostra]. __Libertado tá é hoje, antigamente não era libertado, não... antigamente era só escravidão.[filho] __ É assim, nós só veio ter liberdade de um tempo pra cá. De setenta anos pra cá... de oitenta anos pra cá. Mas antes era tudo na base da escravidão.[pai]
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