Hoje dia 31 de Dezembro de 2012, na antessala de 2013, posso fazer um passeio de Amaralina ao Rio Vermelho e a cidade de Salvador vive um brilho só: o mal cheiro de urina e a invasão das baratas. Cada ponto que se passa, há um rastro de mijo nas calçadas e as praias sem uma limpeza sequer. O palco está se preparando na Barra, os fogos se instalam e o branco provoca falsas roupagens por toda a cidade que intranquila está e encravada na mais impura sujeira de ações do homem.
Ontem, numa fila para degustar o acarajé do Rio Vermelho, pude enxergar numa só paisagem a inquietação de um cão de rua, frente a um mendigo a pedir esmolas nos que estavam na fila. Me parece que o cachorro foi treinado para latir apenas para este homem. Ao chão as baratas brincando de pular dos esgotos que seguiam toda a rota da fila até ao encontro com as baianas da Dinha do Acarajé. Aliás, duas coisas que incomodam o nosso dia a dia, estavam lado a lado com a nossa presença no local: uma grande fila e,aí se fosse num banco que se ouviria muitos xingamentos e ao contrário, as pessoas conversavam planejamentos de como seria a noite por ali mesmo entre papos e descontrações. A outra coisa é a barata. A barata que gosta de sujeira, também é suspeita de transmissão mecânica de doenças. Serviria naquele momento como algo que estivesse complementando a paisagem suja dos bares que preenchem o largo do Rio Vermelho que já se comporta com o frisson do dia 02 de Fevereiro pela passagem de Iemanjá. Interessante que os bares ganham tanto por ali e não se preocupam com a aparência do local que por si só, já se enche de pessoas que ali se encontram para buscarem caminhos entre os mais diversos pontos de eventos e shows no boêmio espaço.
Imagine que o lucro de cada bar e da própria Dinha do Acarajé, não se traduz em uma simples limpeza na área. Não há um resquício de desinsetizante, um odorizante ou sei lá, algum ante que se mantenha uma simples aparência para o espaço.
Apenas o lucro interessa. Ao pedir um lanche, sabendo da demora do garçon, este vem com uma flanela escorrendo lodo, uma bandeja em crosta de sujeiras e a mesa denuncia um bom tempo sem lavagem.
Assim está o Rio Vermelho aos olhos de Jorge Amado sentado em estátua ao lado de Zélia Gattai e, que nada pode fazer e o jeito é se misturar com a sujeira do dia a dia e os passantes que tiram fotos no Ferve Rio Vermelho