9 de junho de 2012

AMAR A LINA...



Hoje é aniversário! Completam-se 12 horas que me mudei para as freguesias do bem perto do mar. AMARALINA! Acredito que fora os padrões de elite e outras praias que se aproximam dos quintais em áreas de algumas estradas de cocos marcadas por linhas verdes, este é o ponto mais visivelmente que se possa pegar a água com a mão. E olhe que venho de terras onde se pegar o sol com a mão é música e prosa na voz de Luiz Gonzaga ou Fagner, não obstante, sinto a presença diária de Dorival Caimmi quando cantava a ida de Pedro em direção a pesca, com orientações em sua jangada pelas altas e baixas pressões. Acontece que já se passam de doze horas que aqui estou e por enquanto fazendo os encaixes necessários de alguns móveis que ficaram e vieram comigo.
A janela é como se fosse uma fotografia dinâmica e para ser mais preciso, um filme sem necessariamente ter começo meio e fim, mas, as imagens dos passantes, ficantes, abraços de ondas e ora a água alta, ora baixa, que analiso cada intervalo em tempos vagos dos efeitos da maré.
Da janela vejo em nome do instante as andadas matutinas, vespertinas e quase noturnas dos que saboreiam o bem estar das caminhadas. Vejo em maré baixa o pescar dos peixes que se isolam em pequenas lagoas que se formam e no muro de madeiras cilíndricas o sentar de casais que se equilibram entre os beijos, o vento e a paisagem do quase anoitecer.
Doze horas se passam e brinco de digitar estas palavras para se registrar o momento. Enfiara uma faca entre os dedos na noite anterior sem querer e, o trabalho que estaria a fazer hoje na descontração da folga semanal, deixei para um vigia que se pode ganhar um pouco pelo serviço quase que pequeno. O resumo de tudo e que se faz necessário colocar é que o mar é lindo com turbilhões de ondas que em maré alta fazem aparecer surfistas geralmente na boca da tarde e olhe que a noite, na primeira dormida e já ocorreram outras antes, o barulho das ondas quebradas, deixam meu subconsciente lembrar da rocinha do Rio Quente e Caldas de Cipó, lugar lindo de lindo e, com saudosismo, lembrar da sinfonia do vento que passava em barulhos também ao quase anoitecer.
Bem! Quase treze horas de convívio por estas ondas, apenas vou relaxar e entender a beleza e a delícia de estar num cenário que se fosse n'outros tempos poderia chamar de Ilha da Fantasia mesmo que nos moldes do meu pensar, na linguística que me seja conveniente.

Música de abertura do blog



Sertões E Sertões

Wilson Aragão

Sou peregrino na estrada/Eu quero a vida voltar
Cicatrizando os caminhos/Renascer e plantar
Sou peregrino na noite/Meu luar não se foi
Muitos manos ficaram, nem tudo se foi
E ficaram guardados atrás da porta/Meu fifó, meu cofo
e a carabina
Minha sina de ser um filho da terra/e viver pelo mundo
que não é meu
Ó Minas, mira bem para o resto da estrada de ferro
Quantos braços cravaram tantos dormentes
Para ouvir o trem na curva apitar/ E apitou e até
nunca mais
Carcará cantando na estrada asfaltada
São os traços das eras chegadas pra quem duvidou
Urubus no céu, no canto alguns tabaréus
Resto de amor e respeito - eu tiro o chapéu
Arde ao sol de janeiro, planícies montanhas
Coivaras acesas de pés de umburanas, chapadas
queimadas
Peduros malhando nos licurizais
Trilham meus pés catingueiros ardentes estradas
Revejo algarobas juremas queimadas
Tropéis de saudades, sertões e sertões /Calumbis
gravatás
Vasta serrania cinzenta/Vai pensamento sonha
Abre as porteiras da terra/Vai pensamento corta esse
céu leva o amor
e traz a poesia para o meu cancioneiro
Fico na estrada pisando a lembrança de tanta vivência
Sentindo a ausência dos meus companheiros
Que em tempo passados, pisaram na estrada e até nunca
mais.